O encontro, Sea for Society, foi moderado por Ricardo Serrão Santos, antigo diretor do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e deputado europeu, e levou à capital belga representantes para a área da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais e da Rede Europeia de Clusters Marítimos, entre outras instituições, públicas, privadas e ONG. Fazer face aos desafios e à urgência da transição para o mar e os seus recursos, sem cometer os erros de sobre-exploração do passado, é o grande objetivo desta plataforma multinacional.
Para Ricardo Serrão Santos, os oceanos têm estado arredados da atenção que lhes é devida, pelo papel, tantas vezes esquecido, que desempenham na regulação ecológica do planeta e pela alternativa de recursos que representam para a debilidade atual das economias ocidentais. Exemplos? “Uma conferência tão importante quanto a COP 21 [do clima, a 7 e 8 de dezembro em Paris] só decidiu dedicar um dia aos assuntos do mar porque houve muita insistência”.
A ideia de um oceano global que deve ser preservado também é recente. Nenhum território pode ser encarado como sem fronteiras do que este, que ocupa grande parte do planeta. Mas, continua o investigador e eurodeputado, “os oceanos são encarados autoestradas de passagem ou de sobrevoo”, sujeitos “ao egoísmo protecionista dos estados”.
Do lado económico, o turismo, a aquacultura sustentável, a contemplação – como a observação de baleias e golfinhos nos Açores, por exemplo –, ou o transporte marítimo surgem como algumas das inúmeras alternativas para o crescimento. Seja como for, acentua Serrão Santos, “a ideia é encontrar alternativas económicas sabendo que há limites para o crescimento; há que aprender com os erros dos outros modelos económicos”, em particular aqueles que, desenvolvidos em terra nos últimos séculos, agrediram ecossistemas e levaram ao aquecimento global por mão humana. A iniciativa Sea for Society arranca com diversas iniciativas desenvolvidas pelos seus subscritores.