REORG no palco de Coimbra

As portas da caixa negra, nome do teatro-estúdio do Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra – CITAC – voltam a estar abertas para a apresentação da sua mais recente produção. REORG é uma obra encenada por Rodrigo Santos, ator do grupo portuense Palmilha Dentada, e vai estar em cena do dia 23 ao…

O ponto de partida para esta produção foi, segundo o encenador, o debate de ideias comuns e a reflexão sobre a sociedade contemporânea. “Estava ciente de que ia ter pouco tempo de trabalho com o grupo, no entanto fomos discutindo ideias e temas pela internet e quando cheguei a Coimbra já vinha com uma ideia do que eles queriam e do que eu queria. Eles gostaram da minha proposta e avançámos em velocidade relâmpago.”

Miguel Pombas, um dos atores, conta que apesar das diferenças do grupo, composto por treze elementos, sempre houve uma ideia comum quanto aos aspetos a serem abordados nesta produção. “Somos todos muito diferentes mas focamo-nos em pontos comuns e queríamos todos trabalhar o mesmo: temas atuais da sociedade que fizessem as pessoas pensarem. Neste momento, as expectativas que tínhamos foram mais do que correspondidas e deste projeto levamos uma grande aprendizagem”, confessa Miguel, comparando o encenador ao José Mourinho das artes performativas. 

O REORG, proveniente da palavra reorganização, é “uma mistura de hierarquias, poderes e ambições que pode ser interpretada de todas as formas dentro da sociedade”. O objetivo da produção artística é “ir desde o riso às preocupações de cada um, à identificação de situações e personagens. Vamos explorar vários níveis e várias dinâmicas. Isso vai trazer força à peça”, remata o ator. No que diz respeito ao nome da performance, Rodrigo Santos explica: “REORG remete-nos para uma palavra passe. Está inserido no universo de detetives e de crimes que entra no espetáculo. Esta palavra surge muitas vezes no enredo e achámos que era a palavra mais densa para um título.”

O texto “Blackpot” do heterónimo de Dinis Machado, autor português, foi o impulso necessário para a criação de uma produção coletiva. Contudo, a performance conta ainda com os tiques de um texto de Alberto Pimenta – “Discurso sobre o filho da puta” – que, segundo Rodrigo Santos, “acabou por não entrar na peça” mas foi uma força motriz ao desenvolvimento do trabalho.

O CITAC completa 60 anos no próximo ano e é dos grupos de teatro estudantil mais antigos de Portugal. Por lá já passaram nomes como Manuel Alegre, António Barreto, Rui Vilar ou até Catarina Martins, a atual líder do Bloco de Esquerda.