A Gullwing Motor Cars pede esse dinheiro todo, 1,495 milhões de dólares, porque acredita que este “é o Bentley do pós-Segunda Guerra Mundial mais importante a ser descoberto”, tendo conseguido comprovar a autenticidade do mesmo.
Mas vamos por partes, onde está a ligação a James Bond concretamente? Ian Fleming, o autor dos famosos livros – já se sabe que era um fã da Bentley, apesar de a Aston Martin quase sempre ter conseguido associar os seus carros depois aos filmes de 007 – encomendou o R-Type Continental em 1953. Era o carro de quatro lugares mais rápido do planeta e Fleming escolheu uma pintura em cinzento escuro e interiores de pele preta. Um automóvel exatamente igual ao que James Bond usa no livro Thunderball, de 1961.
Depois há a questão do ‘dono’. Fleming comprou o carro, raro também por ter volante do lado esquerdo, para oferecer a um dos seus melhores amigos, Ivar Felix Bryce. Sim, Felix, o nome escolhido para o amigo agente da CIA que ocasionalmente se encontra com Bond, Felix Leiter. Na realidade Ivar Bryce trabalhou mesmo para os serviços secretos, mas os britânicos.
O Bentley R-Type Continental foi encontrado a acumular pó numa garagem de Hancock Park, uma urbanização de luxo no meio de Los Angeles. Ivar Bryce tinha transportado o carro à medida que mudava de cidade ou de país, até que o mesmo foi vendido várias vezes e acabou nas mãos de um cirurgião de Beverly Hills, em 1978. Foi guardado na sua garagem pouco depois, até muito recentemente.
A Gullwing Motor Cars pede quase 1,5 milhões de dólares pelo carro apenas devido ao seu valor histórico e ligação a James Bond. É que segundo o site Autoblog, o carro vale muito dinheiro, mas longe desse número. A empresa de avaliações Hagerty fixa o preço de um carro daquele modelo, em perfeitas condições, nos 1,4 milhões de dólares (1,32 milhões de euros) e dois bons exemplares foram vendidos nos últimos anos em leilão por muito menos do que isso. Um rendeu 1,13 milhões de euros e o outro menos de 800 mil euros.