Classificada Monumento Nacional em 1944, a capela foi mandada edificar em 660 por S. Frutuoso, arcebispo de Braga e bispo de Dume, para servir como seu mausoléu. Também designada como Capela de S. Salvador de Montélios, integrava-se originalmente num conjunto monástico mais vasto, que foi destruído pelos franciscanos no século XVI, quando das obras de construção do atual mosteiro.
Com uma planta centralizada, em cruz grega, de quatro braços quadrados e absides pronunciadas, articulados à volta de uma pequena torre quadrangular sobre um cruzeiro também quadrangular, a capela tem o exterior decorado por arcos cegos que alternam entre a volta perfeita e o triângulo.
Quando S. Frutuoso morreu, em 665, foi aí sepultado, como previsto. Em plena Alta Idade Média, ao tempo em que os visigodos dominavam a Península Ibérica, a arquitetura da capela-mausoléu não podia deixar de refletir as influências bizantinas do catolicismo visigótico.
De facto, na sequência da instalação do Rei Vália na Aquitânia, em 415, o Estado germânico expandira-se para os territórios da atual França e da Península Ibérica no Império Romano do Ocidente. Pelo caminho, em 581, venceu e anexou o Reino Suevo, que tinha Braga como capital e que, em 411, havia sido o primeiro reino germânico a separar-se do Império Romano e o primeiro a ser convertido ao catolicismo, por S. Martinho de Dume, arcebispo de Braga. Portanto, foi já num Reino Visigótico no seu esplendor católico que S. Frutuoso – depois de uma vida solitária, de oração e penitência – fundou mais de vinte mosteiros de reclusão pelos cantos mais esconsos e agrestes da Península e estabeleceu duas regras monásticas. Foi eleito Arcebispo de Braga em 656, no X Concílio de Toledo.
A capela-mausoléu seria depois retocada no século X, quando das reconquistas cristãs (o Reino Visigótico foi conquistado em 711 pelos mouros do Califado Omíada), passando o interior das absides a ser semicircular e cada uma a ter, na entrada, uma tripla arcada de arco em ferradura.
Mas não se ficavam por aqui as histórias da minha mãe a propósito de S. Frutuoso. Uma que me deixava fulo era a do ‘pio latrocínio’ – quando, em 1102, o corpo do santo foi roubado durante a noite pelo primeiro arcebispo de Compostela, Diego Gelmirez, para o expor como relíquia na cripta da Catedral de Santiago. Esta foi uma das muitas peripécias que alimentaram a rivalidade entre Braga e Santiago pela primazia dos respetivos Arcebispados. E só em 1966 é que as relíquias de S. Frutuoso foram devolvidas a Braga e ao seu lugar de origem.