"A situação das crianças continua a ser grave. Apesar da assinatura de um acordo de paz em agosto, há poucos sinais de melhorias", declarou um porta-voz do UNICEF, Christophe Boulierac, num encontro com a imprensa em Genebra.
"Graves violações dos direitos das crianças, como assassinatos, raptos e violência sexual, continuam a ocorrer em todo o país", lamentou.
Boulierac explicou que a situação das crianças no Sudão do Sul "piorou desde o início de 2015" com "um recrutamento e utilização constantes de crianças, essencialmente rapazes, mas também raparigas, pelas forças e grupos armados".
Desde janeiro, "cerca de 16.000 crianças foram recrutadas" e "continuam todos nas forças armadas e nos grupos", adiantou.
Embora vulgarmente se denominem aquelas crianças de "crianças soldados", elas não são utilizadas apenas como combatentes. Podem exercer funções de mensageiras, sendo enviadas para zonas perigosas, ou utilizadas com fins sexuais, o que é frequente no caso das raparigas.
O Sudão do Sul proclamou a sua independência em julho de 2011, antes de voltar à guerra em dezembro de 2013 devido a divergências políticas e étnicas, alimentadas pela rivalidade entre o presidente Salva Kiir e o seu antigo vice-presidente Riek Machar, líder dos rebeldes.
O conflito, marcado por atrocidades atribuíveis aos dois lados, causou dezenas de milhares de mortos e obrigou mais de 2,2 milhões a abandonarem as suas casas. Cerca de 1.500 crianças foram mortas, segundo a UNICEF.
Lusa/SOL