Top-20 no Alfred Dunhill Championship

Ricardo Melo Gouveia é o melhor português a estrear-se no Tour.

Ricardo Melo Gouveia (RMG) conseguiu hoje a melhor estreia de sempre de um jogador português com o estatuto de membro efetivo do European Tour.

O jogador do Portugal Golf Team foi 18º classificado do Alfred Dunhill Championship, empatado com mais oito jogadores, com 283 pancadas, 5 abaixo do Par do Leopard Creek Coutry Club, em Malelane, na África do Sul.

No torneio inaugural do European Tour de 2016, a contar também para o Sunshine Tour, a primeira divisão sul-africana, RMG assinou voltas de 72, 72, 71 e 68.

Mesmo sem sentir-se ao seu melhor nível (33 de 56 fairways, um dos seus habituais pontos fortes, e só no primeiro dia ficou abaixo dos 30 putts por volta), nunca jogou acima do Par do campo e somou um total de 18 birdies, face a 3 duplos-bogey (2 deles em buracos de Par-3) e 7 bogeys. O buraco 18 foi o seu melhor, com 3 birdies em 4 dias.

Foi uma prova de trás para a frente, quer nos cartões entregues, quer na classificação no leaderboard, uma vez que era 60º empatado (entre 156 jogadores) aos 18 buracos, subiu ao 52º posto empatado aos 36, ascendeu ao grupo dos 37º classificados aos 56 e terminou aos 72 buracos em 18º, empatado com jogadores como os sul-africanos Justin Walters (ex-vice-campeão do Portugal Masters), Thomas Aiken (vencedor de 3 títulos no European Tour) e Branden Stone (que oito dias antes tinha ganho o Lion of Africa Cape Town Open).

Sempre muito apoiado por um grupo de espetadores portugueses que se deslocou de propósito a Malelane para vê-lo jogar, gozando também da companhia do seu pai, Tomás, e do seu empresário, Rory Flannagen, RMG adorou esta estreia no emblemático Leopard Creek, um campo onde a riqueza da fauna rivaliza com flora, vendo-se a passear ao redor dos fairways desde crocodilos a hipopótamos.

Nos seus comentários diários na sua conta oficial no Facebook, o profissional do Guardian Bom Sucesso Golf foi informando os fãs de como vivia estes dias.

«O campo é magnífico, com umas vistas impressionantes e em ótimas condições», escreveu antes do início da prova.

«Hoje não foi o começo ideal mas acabei da melhor maneira com um birdie no 18. Esteve muito vento o que também dificultou o jogo», referiu no termino da primeira volta.

«Outro dia muito parecido ao de ontem mas com as condições um pouco mais difíceis, com algum vento a soprar e a temperatura a descer 20 graus de ontem para hoje. Consegui aguentar-me bem, com alguns bons pares, mas também com alguma infelicidade nos putts», sublinhou após a segunda volta, ao passar o cut.

«Mais um dia de altos e baixos mas ao nível geral melhor apesar dos dois duplos. Não estou tão consistente como costumo estar mas uma boa volta amanhã muda tudo», referiu no final da terceira volta.

Cumpriu o prometido e, tal como em Omã, guardou o melhor para o fim: «Hoje foi sem dúvida o meu melhor dia. Bati bem melhor na bola, especialmente do tee, num dia em que as condições estiveram melhores mas com as bandeiras bem mais complicadas. Obrigado a este grupo de “Tugas” que veio de propósito de Maputo para me apoiar, também a todos aí em casa, ao meu pai que me acompanhou durante estas duas últimas semanas e o meu caddie novo, Nick Mumford que foi essencial esta semana. Agora, umas semanas de férias para voltar ainda mais forte em 2016».

Nick Mumford rendeu o seu pai a carregar os tacos. O britânico já foi caddie de alguns jogadores famosos, entre os quais o antigo nº1 mundial Adam Scott.

Tomás Melo Gouveia, um dos gestores do Team Portugal, explicou ao Gabinete de Imprensa da FPG: «Faço questão de estar nos momentos importantes da sua carreira e este é um deles, uma vez que é a entrada na alta-roda do golfe europeu. Relativamente à questão do caddie, já terminei essa função e passo o testemunho ao Nick aqui na África do Sul, que arranca com ele nesta fase mais exigente que é o European Tour. O seu a seu dono e aos profissionais o que é dos profissionais».

Foi, realmente, mais um momento único na carreira de RMG, a estreia no European Tour. Há um mês, encerrou a época de 2015 do Challenge Tour na primeira posição da Corrida para Omã, o ranking oficial da segunda divisão europeia, e, a partir desse momento, recebeu o cartão de “full member” do escalão “primodivisionário”.

Mas a sua estreia marcou mais um recorde nacional do 85º golfista do ranking mundial, já que é o quarto português a ter categoria para jogar uma época completa no European Tour e o seu top-20 foi, de longe, a melhor estreia dos quatro.

Ricardo Santos principiou em janeiro de 2012, depois de ter sido 4º no Ranking do Challenge tour de 2011. Foi no Africa Open, também na África do Sul, e obteve um 110º lugar, falhando o cut, com voltas de 72 e 72, para um agregado de -2.

Filipe Lima iniciou a sua aventura em junho de 2004, uma semana depois da vitória no Aa St. Omer Open, em França, que lhe deu automaticamente o cartão para o European Tour. Aconteceu no Open de França, onde foi 68º (+14), com voltas de 74, 73, 74, 77.

Daniel Silva venceu a Escola de Qualificação em 1990 e entrou no European Tour em fevereiro de 1991, no Girona Open, em Espanha, concluindo a prova no 77º posto (+2), falhando o cut, com cartões de 73 e 73.

Ricardo Melo Gouveia tinha encerrado a época de 2015 uma semana antes, no Japan Golf Tour, com um top-20 no Dunlop Phoenix Open, outro torneio de 1,5 milhões de euros em prémios, e repetiu esse sucesso logo no evento inaugural da sua temporada de 2016.

Em termos de prize-money, arrecadou 16.767 euros, para juntar aos 18 mil angariados há oito dias. A consequência mais imediata é surgir já no primeiro ranking da Corrida para o Dubai de 2016 (a Ordem de Mérito Europeia), num muito bom 18º lugar.

No entanto, há outro efeito benéfico ainda mais importante, que só amanhã deverá ser visível quando for publicado o próximo ranking mundial.

Para além de ser possível que venha a melhorar o seu próprio recorde nacional de 84º, alcançado há um mês, depois do triunfo em Omã, RMG garantiu, com estes dois top-20 seguidos, na África do Sul e no Japão, que irá segurar o seu estatuto de jogador do top-100 mundial até ao final de 2015.

Para além de RMG, houve mais três portugueses a competirem neste torneio, mas que nem sequer conseguiram passar a fase de qualificação.

António Rosado, o campeão nacional de 2009, há quase dois anos residente na África do Sul, foi 34º empatado no qualifying, com 71 (-1). Só se apuraram os 10 primeiros, com o cut a fixar-se em -4.

Os luso-descendentes Stephen Ferreira e Roy da Costa integraram o grupo dos 77º classificados com 76 (+4).

O Alfred Dunhill Championship foi conquistado pelo sul-africano Charl Schwartzel, com 273 (66+67+70+70), -15, batendo por 4 o francês Grégory Bourdy. Schwartzel, um ex-campeão do Masters, tornou-se no primeiro sul-africano a vencer por quatro vezes o mesmo título do European Tour (2016, 2014, 2013, 2005).

Com um prémio de 237.750 euros, Schwartzel é o primeiro nº1 da Corrida para o Dubai de 2016 e saltou para o 2º lugar da Ordem de Mérito do Sunshine Tour, onde agora, António Rosado desceu para 159º e Stephen Ferreira para 181º.

Artigo escrito por Hugo Ribeiro ao abrigo da parceria entre a Federação Portuguesa de Golfe com o Jornal SOL.