Passando por cima de quem for preciso para ascender ao poder, António Costa lá chegou a primeiro-ministro. Mas, tal como acontece a Iznogoud no início dos livros, mal adivinhará ainda as dificuldades e desgraças que o esperam à frente. Ou o final, invariavelmente infeliz, da aventura em que se meteu.
A continuidade de Costa em S. Bento vai depender muito do comportamento da economia e das otimistas previsões do programa macroeconómico do PS, da lavra do seu ministro das Finanças, Mário Centeno. E todo o sucesso ou fracasso de tal programa assenta na evolução dos seus famosos multiplicadores de crescimento da economia.
Passos Coelho foi claro, há dias, a dizer que não acredita «nessa escolha de política económica do PS, que diz que se tivermos mais consumo sustentado por rendimentos dados pelo Estado, a economia cresce». E esclareceu: «Esse modelo foi testado em Portugal em 2009, com medidas expansionistas de baixar impostos e aumentar rendimentos – e depois amargurámos isso de forma muito pesada». Foi assim em 2009, com Sócrates, foi assim em 2001, com Guterres. Não há duas sem três, como no futebol?
Sendo Centeno uma espécie de ‘Houdini dos multiplicadores’ do PS, seria bom que previsse, também, o efeito multiplicador negativo – na evolução da economia – da desconfiança dos mercados a subir, dos investidores externos a fugir ou das taxas de juro a crescer. Para evitar surpresas bem desagradáveis.