Sei que o botulismo (uma toxina alimentar) não é brincadeira nenhuma. Uma vez a minhamulher foi apanhada por isso, de uma maneira suave, e pensei que se me estava a ir, no carro, quando viajávamos para Évora. Começou a sentir o corpo, parte a parte, paralisado, e entrámos em pânico. Telefonei logo para o Hospital de Évora, e com gente conhecida conseguimos que estivessem à espera dela logo à entrada, e lhe aplicassem um soro que a curou em horas.
Concluímos depois que a toxina fora ligeira (se não o tratamento podia durar dias, ou até acabar tragicamente), e debelada com um soro genérico (nem fora necessário o antídoto específico). Depois, fazendo os cálculos ao que tinha sido o nossodia, disseram-nos que a toxina devia ter sido apanhada ao almoço, com uma alheira comida num ótimo restaurante (infelizmente já fechado, porque era realmente muito bom, e não pela toxina). A verdade é que a minha mulher nunca mais foi capaz de comer alheiras, nem de ir ao tal restaurante – de que gostava imenso, e que só deixei de frequentar depois do seu encerramento (provocadoprovavelmente pela crise atual e não por qualquer toxina lá registada).
Enfim, horror ao botulismo, mas imensa simpatia pelos bons restaurantes, e pelas excelentes comidas artesanais (sejam presuntos, sobretudo de porco bísaro, ou alheiras de Mirandela). De qualquer maneira, para desgraça dos gourmets e boa consciência dos mais temerosos das toxinas, a ASAE não parece ter grande consideração pelos produtos artesanais, e preocupar-se sobretudo pela eliminação das toxinas. Já estou a ver a família a ter de se pôr toda clandestina, se quiser voltar a fazer (curar) um dos seus presuntos. Enfim,tema da próxima TABU.