Mas o Alentejo tem tantas coisas mais interessantes dos pontos de vista cultural, científico e educacional, e o Cante mais os Chocalhos parecem-me tão elementares (embora goste muito deles), que tudo me soa a anedótico.
O Cante é bom para ter numa festa nossa, de alentejanos, e brincarmos com o movimento lento do grupo, dizendo que para alentejanos andam num frenesim. E os chocalhos ficavam bem nas vacas e nas cabras que andavam quase à solta a pastar.
Bem sei que as cercas atuais fizeram quase abandonar os chocalhos. E achei graça ao alentejano mestre chocalheiro que vi na Televisão a dizer que o chocalho na sua mão precisava de afinação, por causa do som, e vai de dar-lhe marteladas (isso mesmo, e com um mero martelo), a afiná-lo. Claro que imaginamos um instrumento musical a ser afinado com mais brandura, embora com maior dificuldade. Mas à martelada!…
Enfim, os autarcas alentejanos vibraram com os chocalhos patrimónios (por causa dos mestres artesanais chocalheiros de Alcáçovas, Viana do Alentejo), mas a candidatura foi apresentada pela Junta de Turismo do Ribatejo, e os instrumentos são de todo o país (Europa, Mundo).
Talvez a UNESCO, reunida na Namíbia, deva ter patrimónios da Humanidade assim muito simples, e que se afinem à martelada. Por outro lado, parece-me isso um tanto racista. E custa-me realmente ver a cultura POP ir descendo tanto. Agora que não há vacas e cabras para os usarem, veremos como os mestres chocalheiros tencionam arranjar nova clientela para os chocalhos. A UNESCO até lhes deu uma forte ajudinha.