A revelação do ex-diretor do SIED surgiu para justificar a passagem de informações à Ongoing pouco tempo antes de deixar o cargo nas secretas e entrar para os quadros daquela empresa.
O coletivo de juízes questionou o arguido sobre a transmissão de dados secretos a Fernando Paulo Santos sobre os dois cidadãos russos, lembrando que estes estavam em conversações com o grupo Ongoing para aquisição de um porto grego.
A investigação considera que este ato constituiu uma violação do segredo de Estado e um crime de corrupção, defendendo que – em paralelo com a passagem de informação privilegiada – Silva Carvalho estaria já a tratar da sua passagem para a empresa liderada por Nuno Vasconcellos.
Neste julgamento têm sido feitas diversas revelações por Jorge Silva Carvalho sobre o funcionamento das secretas. Uma delas aconteceu no mês passado, quando o ex-diretor do SIED afirmou que “90% do Modus Operandi das secretas é ilegal”, adiantando que o segredo de Estado só serve para proteger esta situação.
O caso
Este processo tem como arguidos Jorge Silva Carvalho, o presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos, dois agentes do SIED e uma antiga funcionária da Optimus. Em causa estão os crimes de acesso ilegítimo a dados pessoais, abuso de poder, violação do segredo de Estado e corrupção ativa e passiva para ato ilícito.
O Ministério Público (MP) sustenta que Nuno Vasconcellos contratou Silva Carvalho para os quadros da empresa para conseguir informações secretas.
Além disso, segundo o MP, a arguida Gisela Teixeira, ex-funcionária da Optimus, entrou indevidamente nos dados de comunicações do jornalista Nuno Simas, em 2010. O jornalista tinha noticiado a existência de uma tensão interna no SIED.