Diz-se que somos o que ouvimos. Diz-se até que somos o que ouvimos, divididos entre a pop barata que não nos importamos de escutar quando a visão já é turva e o krautrock que gostamos de consumir na poltrona da garagem da avó do amigo.
Se assim é, podemos ser tudo porque na paleta dos géneros musicais não há como conhecer todas as cores e respetivas fusões. E bem sabemos que não ouvimos a mesma música se não tivermos dormido à conta do cão da vizinha de cima ou se acabámos de ser aumentados. A não ser que falemos de De-Phazz – o conjunto liderado pelo produtor alemão Pit Baumgartner plana, desde 1997, num estilo que é conhecido como lounge (ou chillout, downbeat, entre outras nomeações) e que junta à mesma mesa coisas como jazz, trip-hop, soul, música latina, drum’n’bass. Noutras palavras: uma caldeirada que soa sempre a acalmia. A liberdade funde-se com o experimentalismo e somos todos felizes, daquela felicidade que se celebra afogado no sofá ou numa pista de dança qualquer. Na paleta já invocada, os De-Phazz são daquelas cores que ficam bem com tudo. Até com um concerto este sábado, na Casa da Música, no Porto.
Conhecidos como os Padrinhos do Lounge, a banda berlinense é, em grande parte, furto do virtuosismo e teimosia talentosa de Pit Baumgartner, produtor que tendo a eletrónica como filha querida cedo percebeu que era a confundi-la com outras abordagens que esta ficava, efetivamente, a seu gosto. Ao fazê-lo, Baumgartner encontrou o seu lugar: o lounge.
Pensemos naquilo que conhecemos como lounge: um lugar para relaxar, esticar as pernas, ouvir música, beber um cocktail enquanto se pica um snack salgado, algo assim. Todo o hotel que se preze tem um lounge, os De-Phazz, por sua vez, dispensam o hotel, ou não fossem eles donos de um lounge a que poucos têm acesso. O caro leitor vai poder partilhar esse lugar, na Casa da Música, a partir das 23h59 de hoje, por 9 euros. A formação composta por Pit Baumgartner, Karl Frierson e a cantora Pat Appleton traz na bagagem 11 discos, sendo o primeiro Detunized Gravity (1997) e o último Naive (2013). Pelo meio, objetos de referência como Plastic Love Memory (2002). De referir ainda que outros nomes já passaram pelos De-Phazz como vocalistas convidados, caso de Barbara Lahr, por exemplo. Esta é a formação atual e aquela que deve chegar para gerar o ambiente ideal neste lounge. Sim, que um vulgar lounge de aeroporto já todos frequentámos. E não, obrigado.
