As mulheres da Arábia saudita cada vez mais menorizadas

Parece-me extraordinário achar-se um grande avanço a entrada tíbia das mulheres da Arábia Saudita nas eleições locais de sábado passado.Parece que de repente aquele reino medieval se modernizou. Mas não.

Vejamos: é a 3ª vez em 50 anos que há eleições na Arábia Saudita. As locais anteriorestiveram lugar em 2005 (há 10 anos!). São eleições em que não se dá aos eleitos qualquer poder político (podem apenas, e muito condicionados, gerir o lixo e alguns jardins locais). Desta vez, foram autorizadas a concorrer mulheres (concorreram 978 mulheres e 5938 homens, vindo a ser eleitas 17 delas), e avotarem uma minoria delas.

De qualquer modo, as mulheres não puderam falar diretamente aos homens durante a campanha, nem aparecer em cartazes (campanha extraordinária, em que só os homens são autorizados a sair de catacumbas mais atrasadas do que a Idade Média). E continuam sem poder guiar na Arábia Saudita, nem exercer medicina sem licença de algum homem (e apenas para outras mulheres).

Modernização? Não, não me parece. Consta é que é destes sunitas da Arábia Saudita que vem o apoio e a viabilidade dos terroristas integristas muçulmanos. Apesar de o Regime anunciar uma coligação internacional, baseada em Riade, para combater o autodenominado DAESH. E, curiosamente, a única vez que vi pôr-se em causa esta monarquia de forma clara e assertiva foi no diário espanhol conservador e monárquico ABC.