Churchill menos bom do que cá se pensava

Churchill sempre surgiu como uma espécie de mito internacional da Humanidade, pelo papel que se lhe atribui na vitória dos Aliados sobre os nazis, na II Grande Guerra. E nunca deixei de pasmar ao saber que o povo britânico lhe tinha virado costas, logo a seguir à Guerra, para eleger um Governo trabalhista, na altura…

O endeusamento da figura tem sido ultimamente martelado por um cronista do Público, muito orgulhoso de pertencer a uma Nova Direita (seja lá o que isto for).

No entanto, acabo de ler no Expresso um artigo do historiador Filipe Ribeiro Menezes, académico universitário radicado na Irlanda e tornado por cá conhecido com uma extensa biografia de Salazar (não tão extensa como a de Franco Nogueira), em que Churchill é apresentado de forma menos simpática, e que explica melhor a antipatia que os ingleses do seu tempo por ele nutriam. Parece que o papel de resistente na II Guerra foi apenas um episódio na sua carreira de 50 anos de política, e talvez o que lhe correu mais de feição (apesar dos numerosos dissabores). De resto, revelou-se mau governante, bastante oportunista e pouco avisado na mudança de fileiras partidárias, e quase sempre do lado errado das previsões. Tudo isto, compensado pela importância que tinha na restrita elite conservadora da época (o que explicaria os 50 anos de carreira política, hoje dificilmente concretizáveis como ele o fez).

Enfim: a acreditar em Filipe Ribeiro Menezes (e ele, além de historiador conceituado, não é minimamente suspeito de simpatias esquerdistas), os ingleses tinham mais razões para não gostarem dele, do que nós para o endeusar.