O conjunto de craques da PGA de Portugal bateu o grupo de jovens promissores da FPG por 10,5-9,5, o resultado mais equilibrado de sempre.
Recorde-se que no ano passado a PGA de Portugal venceu por 13,5-6,5 e nos dois anos anteriores a FPG triunfara por 11-9 em 2012 e 13,5-6,5 em 2013.
Todas as quatro edições decorreram no Montado Hotel & Golf Resort, em Palmela, num campo desenhado por Jorge Santana da Silva, o antigo presidente do Vitória de Setúbal, que hoje esteve a acompanhar a última jornada, dedicada aos singulares e quase assistiu a uma reviravolta histórica.
A equipa da PGA de Portugal partiu largamente favorita, depois de ontem (quinta-feira), nos pares, ter cimentado uma confortável vantagem de 4 pontos (7-3).
Mas razão tinha o capitão da equipa de profissionais, José Correia, em avisar que era preciso «provar o favoritismo no campo».
O seu rival e amigo, Nuno Campino, selecionador nacional, tinha frisado em declarações à SportTV que «qualquer um dos meus jogadores pode derrotar os profissionais aqui presentes» e Tomás Silva, o triplo campeão nacional amador, afinou pelo mesmo diapasão, realçando que «acreditamos ser possível, mas difícil».
Extremamente motivados, os jovens amadores (em dez jogadores, três são de sub-16 e um de sub-18) entraram de rompante e quando todos os duelos já tinham passado os nove primeiros buracos, a FPG vencia 4 embates e os restantes 6 estavam empatados, ou seja, havia um empate técnico provisório.
No final do dia, os amadores venceram 6 dos 10 confrontos e empataram outro. A FPG ganhou a jornada por 6,5-3,5 e por pouco não provocava a maior surpresa nestes quatro anos de torneio. Um dia antes, o bicampeão nacional de profissionais, Tiago Cruz, dizia que «só um desastre» tiraria o título à PGA de Portugal e essa hecatombe esteve perto.
Para se perceber a emoção vivida, veja-se o andar do marcador:
Afonso Girão, o campeão nacional de sub-18, bateu por 2/1 o “rookie” açoriano Francisco Costa Matos; Gonçalo Pinto empatou com Tomás Bessa, num autêntico duelo de drives; António Teixeira, um “rookie” de sub-16, provocou a surpresa do dia ao derrotar por 2/1 um dos melhores jogadores de sempre na prova, João Carlota; João Girão mostrou que se tornou num terror de match play e vergou o recordista de 11 títulos de campeão nacional, António Sobrinho, por 3/2.
Foi nesta altura, com a PGA de Portugal a começar a fraquejar, que Ricardo Santos deu um novo fôlego aos profissionais. O melhor golfista português de sempre, de 33 anos, sentiu sérias dificuldades para se impor ao jovem madeirense de 15 anos Carlos Laranja por 2/1. «Do que vi, só posso dizer que será uma promessa do golfe nacional. Tem um jogo curto mágico e uma grande atitude no campo», disse Ricardo Santos. Vindo do campeão do Madeira Islands Open BPI de 2012, este elogio só pode deixar o madeirense Carlos Laranja nas nuvens.
Quando Hugo Santos perdeu por 3/2 com Tomás Silva, o perigo voltou a espreitar os profissionais. Foi então que outro “peso-pesado”, Tiago Cruz, veio em auxílio com um claro sucesso de 4/3 sobre José Maria Pinto Basto, um “rookie” ainda sub-18.
Nesta altura, a PGA de Portugal só precisava de meio ponto para garantir a manutenção da Taça, mas os amadores ressurgiram em força com êxitos de Francisco Oliveira diante de Miguel Gaspar (4/3) e de Vítor Lopes frente a João Ramos (2/1).
Estavam Lopes e Ramos a concluir o seu encontro, ao mesmo tempo que tudo decidia-se no último confronto do dia, entre Sérgio Ribeiro e Vasco Alves.
Um duelo simbólico por Ribeiro já não ser jogador mas treinador, ter 40 anos, jogar desde sempre este torneio e representar o clube nortenho de Miramar, enquanto Alves é uma jovem promessa, campeão nacional de sub-16, estar a estrear-se na prova e ser sócio do clube rival do Oporto!
Os dois dobraram os primeiros nove buracos empatados, depois de Vasco Alves vencer o 9, por Sérgio Ribeiro ter ido à água. O treinador de Miramar arregaçou então as mangas e ganhou os cinco buracos seguintes, acabando por triunfar por 5/4, dando o tão desejado ponto da vitória à PGA de Portugal.
«Coloquei o Sérgio Ribeiro no último lugar porque sabia que ele tinha qualidade para ganhar um ponto, sabia que o Nuno Campino não iria colocar os seus melhores no fim e o Sérgio provou que, apesar de ser agora treinador, mantém um nível de jogo acima da média e estou muito feliz por ele e por todos os jogadores», rejubilou o capitão José Correia, sinceramente aliviado.
Se Ricardo Santos e Tiago Cruz mostraram serem “monstros” do golfe nacional, sendo os únicos a somar 3 pontos em 3 possíveis, Sérgio Ribeiro foi a arma secreta dos profissionais, com 2,5 pontos!
Saliente-se um aspeto curioso e inesperado: em quatro edições da Taça Manuel Agrellos, os amadores ganharam os singulares por três vezes: 4,5-3,5 em 2012, 7-3 em 2013 e agora 6,5-3,5, para apenas um sucesso dos profissionais, de 7-3 em 2014.
Outro dado interessante é João Carlota, Gonçalo Pinto e Miguel Gaspar terem integrado sempre as equipas vencedoras, nos dois primeiros anos como amadores e nos dois últimos como profissionais.
Declarações de José Correia (presidente e capitão da PGA Portugal)
«Saímos vitoriosos, é verdade, mas o dia de hoje foi muito difícil porque os jovens da FPG mostraram muita qualidade. Os nossos jogadores não entraram bem hoje de manhã, ao contrário do que eu esperava, para pontuarmos cedo. Isso não aconteceu e as coisas complicaram-se, mas no final a experiência veio ao de cima, para podermos sair com esta vitória».
Declarações de Nuno Campino (selecionador e capitão da FPG)
«Hoje foi um dia fabuloso. No primeiro dia não foi tão bom. Podemos ser mais fortes, dado estarmos mais habituados a jogar em equipa, mas não jogámos bom golfe, talvez os meus jogadores estivessem mais nervosos por estarem a defrontar alguns dos seus ídolos. Hoje, sabíamos que seria preciso jogar muito bem para dar alguma luta e colocar os profissionais a fazerem contas de cabeça, e fizemo-lo muito bem. Nos primeiros cinco “matches” não perdemos nenhum. Depois deixámos tudo para o último “match”, o Vasco não conseguiu mas estou orgulhoso dos atletas, portaram-se lindamente, com uma grande atitude e se a mantiverem iremos ter grandes vitórias no futuro».
Declarações de Manuel Agrellos (homenageado e presidente da FPG)
«Estou orgulhoso das duas equipas, mas isto é mais importante para a gente jovem, que no primeiro dia pareceu-me intimidada com os nomes firmados no golfe nacional e internacional e também com alguns que são os seus professores. Mas no segundo dia soltaram-se, os amadores ganharam os singulares e a coisa foi renhida. Olhando para esta equipa tão jovem, estou convencido de que o futuro é risonho. Este convívio, esta reunião dos profissionais, que se juntam e conversam no final do ano, que jogam a pares nestas modalidades, o que transmite união à própria classe, tem grandes vantagens. Este “match” no fim do ano é muito simpático. É uma altura do ano em que os melhores amadores e os melhores profissionais se juntam, conversam, partilham ideias, fazem planos de futuro. É um “match”, todos querem ganhar, mas esta reunião é o mais importante».
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