Dá prendas se não consegues dar mais nada

Nós gozamos com os espanhóis que gozam com franceses. Os franceses gozam com os alemães que gozam com os italianos. Os italianos gozam com os gregos que gozam com os turcos que gozam com os sírios. Os sírios gozam com os iranianos que gozam com os iraquianos. Os iraquianos gozam com os americanos que gozam…

Arnaldo de Matos prefere o Estado Islâmico ao capitalismo. É um homem de fortes convicções e de um extraordinário bom gosto, por isso come várias vezes por semana no Gambrinus, o mais caro e influente restaurante em Lisboa. Que não se engasgue.

José Sócrates voltou a falar. Uma longa entrevista na TVI. Vi metade de uma parte e metade de outra, o estritamente necessário. Deixou de me interessar se é culpado ou inocente, desprezo-o por ser quem é: um egocêntrico que não soube respeitar a confiança que os portugueses lhe ofereceram. Num tempo de austeridade ir para Paris nas condições que foi, gastar o que não tinha e confessar que 25 mil euros por mês de despesas nada têm de anormal (com dinheiro que jura não ser dele), é um insulto aos portugueses que por ele foram governados. Para mim chega. Dele não voltarei a falar, é como se não existisse.

Estreou o sétimo episódio de Guerra das Estrelas, realizado pelo novo mago JJ Abrams, criador de Lost. Recebido com entusiasmo pela crítica inglesa, americana e francesa, recebido com reticências pela generalidade dos críticos portugueses e espanhóis. Ainda dizem que somos PIGS – venham e aprendam connosco a fazer bom cinema. 

José Pacheco Pereira aceitou ser administrador de Serralves, uma excelente notícia. Justificou ter dito sim por o cargo não ser remunerado, se o fosse jamais aceitaria. Pena tê-lo dito. Quando o dinheiro é ‘diabolizado’ pelos que são sérios, o que podemos dizer aos nossos filhos?

Nos pequenos conflitos domésticos ou nas grandes barbáries, a sabedoria é sempre o último recurso. Só depois de todos se terem manipulado, matado, sofrido, corrompido e explorado, só depois de todas as hipóteses se terem revelado frágeis, é que alguém faz o apelo à inteligência dos sábios. Tristes as sociedades que, de tão práticas, vivem tão depressa que nem conseguem atrasar o seu triste fim.

Como um amigo me costuma dizer, ‘dá prendas se não consegues dar mais nada’. Pois, muitas vezes é assim, não consigo dar mais nada. Fico-me pelos livros, o que mais gosto de receber. E acabo de ler um livro que agora lhe ofereço, Objetos Cortantes, de Gillian Flynn, uma jovem e extraordinária escritora americana. Foi a sua primeira obra e é a história de um crime que nos entra pelo corpo e que nos será impossível de esquecer.