A procura do turismo residencial é cada vez maior, sendo que grande parte dos edifícios com projetos de habitação destinam-se essencialmente ao arrendamento de longa duração.
De acordo com um estudo recente da consultora CBRE, o nível de preços no setor imobiliário na capital portuguesa já remete para o período que se vivia antes da crise, mas com uma oferta de imóveis muito superior para o segmento premium.
Vários fatores conduziram a esta subida nos resultados, nomeadamente a melhoria da situação económica do país, aliada ao turismo e aos incentivos concedidos à reabilitação urbana e investimento estrangeiro.
Segundo o estudo, o centro histórico de Lisboa concentra o maior número de edifícios em reabilitação, onde a Avenida da Liberdade, o Príncipe Real, o Chiado e o Bairro Alto são das zonas mais valorizadas.
Fazendo uma análise dos preços, mesmo em edifícios que ainda estão em construção, o valor médio de comercialização chega aos 5.500 euros/m². Um valor que já é 10% superior ao dos edifícios concluídos e vendidos em 2015.
A somar a estes resultados positivos soma-se a estimativa de que durante o ano de 2015 terão sido concluídos 40 edifícios de habitação, o que significa um acréscimo de 69% na oferta da cidade de Lisboa, com mais 524 fogos.
Portugueses são os que mais compram
O perfil do comprador é maioritariamente português, apesar de aproximadamente 20% serem estrangeiros. No entanto, uma coisa é certa: todos os compradores compram quer para utilização própria quer para investimento, sendo que neste último caso a ideia é voltar a colocar o imóvel no mercado de arrendamento, a curto prazo.
Para Cristina Arouca, diretora de research e consultoria da CBRE, «a tendência dos próximos anos será o aumento do número de edifícios reabilitados no centro de Lisboa, com destaque para a Avenida da Liberdade e Cais do Sodré, que renascem como zonas residenciais».
É importante ter em conta que os imóveis com cachet estão a popularizar-se e que, com a subida dos preços e o aumento da procura, é possível prever uma possível estabilização no segmento alto do mercado em 2016.
A previsão é sustentada pelo facto de atualmente estarem em construção 74 edifícios e em fase de estudo ou projeto mais de 65. Um cenário que faz com que se aponte para a colocação no mercado de 43 empreendimentos em 2016 e de 64 em 2017. Ou seja, o centro histórico de Lisboa concentra atualmente o maior número de edifícios em reabilitação.
Analisando as várias áreas, Chiado, Bairro Alto e São Paulo são as que apresentam o maior número de edifícios em construção. Zonas como Amoreiras, Campolide, Parque das Nações e Olivais são as únicas onde não existe aposta na construção de novos edifícios.
De todos os edifícios que se encontram em construção, 29 estão em comercialização ativa, totalizando 585 fogos. Já os imóveis que não estão para venda, acredita-se que tenham como principal destino o turismo residencial.
Estrangeiros pesam
Para perceber quais os fatores mais relevantes para estes resultados, é de realçar a importância da forte procura de investidores estrangeiros, alavancada pelos incentivos fiscais concedidos a residentes não habituais e pelo programa dos vistos gold. Igualmente importante foi o facto de o setor imobiliário ter retornos mais elevados do que outras alternativas financeiras.
Mas não é tudo: tem de ser tido em conta o efeito do aumento do crédito à habitação e das condições de financiamento. De janeiro a setembro, o volume de novos empréstimos hipotecários concedidos aumentou na ordem dos 70%, quando comparado com o período homólogo.