Mais para o Banif, menos para a Saúde

Os contribuintes foram mais uma vez chamados a entrar com milhares de milhões de euros para aguentar o Banif, e quase oferecê-lo ao Santander. Ficou a descoberto que afinal as manobras bancárias do anterior Governo não tinham sido melhores (talvez piores, talvez mais eleitoralistas) do que as do tempo de Sócrates com o BPN. E…

Pela minha parte, subscrevo todas as indignações hoje manifestadas por editorialistas e comentadores relativamente ao anterior Executivo, e ao fato de Passos Coelho se esconder atrás da ex-ministra das Finanças (de quem nunca esperei grande coisa). Dá-me vontade de rir imaginar agora o CDS, ou algum seu dirigente, a pedir a demissão de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, na linha dos insultos vertidos contra Constâncio (por causa do BPN).

Claro que agradecemos a aparente salvação do BCP, entregue a capitais angolanos, mas cada vez mais parece um acaso o resultado aparentemente satisfatório. Carlos Costa já tinha parecido muito deficiente no caso BES, mas aí ficou coberto por deficiências piores e mais altas (por exemplo, do Presidente Cavaco, para cuja reeleição não contaram as estranhas mais valias por ele ganhas no BPN, feito por gente da sua lavra). Mas preferia ver o Banco falir, e os seus responsáveis serem levados a tribunal. Detesto ‘o grande de mais para falir’, com as consequências óbvias nas políticas sociais (pois o dinheiro não dá para tudo).

Ainda acham que a TVI foi irresponsável em alertar para os riscos evidentes do BPN? Acham que era preferível deixar apenas informados dos riscos os que são melhor informados no setor, e já se tinham posto a salvo? Pois não estou de acordo. A informação só é democrática e transparente quando não se mostrar ‘responsável’ (como alguns a qualificam) nestes casos. Nisto, estou de acordo com uma editorialista económica do DN. Se havia riscos, como agora ficou evidente que havia (cobertos dolorosamente pelos contribuintes com o acordo da atual maioria de esquerda, e muito provocados pela irresponsabilidade eleitoralista do anterior Executivo e pelas deficiências do Banco de Portugal, bem como pelos responsáveis do Banco), o melhor é dizê-lo alto, e saberem-no todos. Já agora convém reparar que, com os Bancos, seja qual for o Governo, ‘a culpa morre solteira’.