Mas já na altura do seu Executivo me chocava o elogio que fazia do pragmatismo (que sempre me pareceu uma atitude bastante imoral, com todo o relativismo e desresponsabilização política que implica).
Agora vê-lo falar contra as ideologias ainda me parece mais patético. Pior do que sobre o monstro, que afinal o próprio criou (tanto com a política do betão, como com o alargamento excessivo da Função Publica). Porque ele foi sempre o mais ideológico dos inquilinos de Belém eleitos na democracia. Para não ir mais longe, recordemos a época de crispação após as últimas legislativas, até à posse (por ele contrariada até à exaustão) de António Costa. Ou o discurso rancoroso com que saiu das presidenciais.
E ontem, onde proferiu as declarações anti-ideológicas, numa reunião com as pessoas da diáspora nacional, lá estava ao seu lado o ex-primeiro-ministro por ele tãoquerido (e imagino que só o pode ser ideologicamente), em vez do atual.
Na verdade, o que faz falta hoje na política europeia, e não apenas nacional, são valores, ou seja, um pouquinho mais de ideologia e um nadinha menos de pragmatismo. Mas isto é a minha opinião.