Quanto entrou no Banif em março de 2012, a situação era “muito complicada”, com problemas de liquidez e nos rácios de capital. O que foi resolvido com o programa de reestruturação implementado em três anos através de corte de custos e outras medidas, defendeu Jorge Tomé. “Não há nenhum problema nas contas Banif”, garantiu, salientando que o Banco de Portugal “tinha um acompanhamento diário das contas”.
O gestor considera que o resultado da intervenção representa um “desastre” para o Estado e para os contribuintes. “Podia não ter sido assim”, afirmou Jorge Tomé, que não critica a opção pela resolução, mas sim a “solução encontrada”, uma vez que o banco foi vendido numa operação relâmpago e sem negociação de propostas.
O ex-CEO reconheceu que 2014 foi um ano complicado para o Banif, que foi “apanhado na turbulência do BES”. O Banif fez uma “recuperação de liquidez fantástica” e agora estava “perfeitamente equilibrado”, sendo que o problema que levou à medida de resolução “foi o capital”, que impediu o banco de reembolsar o Estado na última tranche de títulos de dívida.
“Tudo se precipitou quando não se conseguiu pagar a última tranche”, afirmou Jorge Tomé, assinalando que se não fosse a resolução, o prejuízo máximo para o Estado seriam 825 milhões de euros, que correspondem ao capital injetado em 2013 (700 milhões de euros, mais 125 milhões em títulos de dívida). Reconhecendo que o Banif precisava de ser capitalizado, Jorge Tomé assinalou que bastavam 350 milhões de euros, montante que daria para pagar os 125 milhões de euros de títulos de dívida. “Era fácil”, argumentou.