Segundo a Lusa, o Bloco de Esquerda alertou quatro vezes o Ministério da Saúde – alertas que começaram há dois anos -, para esta situação. Uma falta de assistência que terá provocado a morte de David Duarte, um jovem de 29 anos.
Em junho de 2013, o BE enviou um requerimento ao Governo a questionar sobre o problema da escala de Neurorradiologia de Intervenção no Centro Hospitalar de Lisboa Central (que integra São José). O Ministério da Saúde reconheceu o problema e disse que esperava que "este constrangimento” fosse resolvido com brevidade.
Em janeiro de 2015, os bloquistas destacam que a situação não só nunca chegou a ser resolvida como piorou, uma vez que, em 2014, o hospital de S. José ficou sem equipa de Neurocirurgia Vascular, ao fim de semana. “"Como tal, desde então, todas as pessoas que dêem entrada nesta unidade hospitalar com aneurisma a partir de sexta-feira às 16h00 terão de aguentar até ao dia útil seguinte (segunda-feira) para tratar do aneurisma”, pode ler-se no requerimento, citado pela Lusa.
O BE destaca ainda que, com o corte no pagamento de horas extraordinárias na função publica, imposto pelo Governo em 2013, a equipa de neurorradiologia de intervenção recusou-se a continuar a assegurar a escala de fim de semana, uma vez que tal "implicaria estarem 48 horas sempre disponíveis a um preço inaceitável".
O Bloco de Esquerda volta a enviar novos requerimentos, um em março e outro em maio de 2015, afirmando que o executivo "não responde a grande parte das perguntas endereçadas”.
O Ministério da Saúde acabou por responder ao BE, em setembro de 2015, afirmando que o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) reportou que não tinha conhecimento de qualquer queixa, através do gabinete utente/cidadão, quanto à não realização de cirurgia de embolização precoce. Acrescentam ainda que a transferência de doentes para outros estabelecimentos hospitalares é "de facto limitada na medida em que, a imobilização e transporte na fase aguda da hemorragia subaracnoídea por aneurisma roto, não se revela como a mais adequada conduta médica".
"O CHLC poderá, no entanto, ter de recorrer à transferência dos doentes, em casos de necessidade extrema que em função de análise de risco/benefício, não se verificou desde abril de 2014", responde o chefe de gabinete do ex-ministro Paulo Macedo.
Recorde-se que o Ministério Público abriu inquérito para apurar eventuais responsabilidades criminais, após a morte de David Duarte. O Centro Hospitalar de Lisboa Central, por sua vez, instaurou um inquérito interno para averiguar as mortes causadas por falta de assistência médica a doentes com este problema de saúde, durante o fim de semana.