David e Elodie eram colegas de curso e partilhavam a paixão pela captação de imagem. Durante o verão deste ano, o casal, em conjunto com outros colegas, teve o seu trabalho exposto no edifício do Banco de Portugal, em Leiria. Nas fotografias de David, podia-se ver, segundo o catálogo: «Imagens geométricas, com fortes linhas negras que cruzam o espaço infinito. Essas linhas terrenas, em cenário celeste, ligam locais, tornando-os comunicantes, reduzindo distâncias».
‘Petite Frange’ e ‘Grosse Moustache’ eram os nomes artísticos que Elodie e David usavam na hora de divulgar o seu trabalho. Na página do Facebook que lhe serve de portefólio, Elodie deixou uma mensagem: «Apesar de atravessar uma altura muito difícil da minha vida, as áreas da fotografia e do cinema são as minhas grandes paixões, das quais não irei abdicar, por mim mas também por nós, meu David (Grosse Moustache)».
Desde que o namorado morreu, Elodie recusa falar com jornalistas. A sua única manifestação pública foi escrever uma carta ao namorado, reproduzida pelo Expresso, onde contou o sucedido: no dia 11, após a hora de almoço, David «ficou paralisado do lado direito, sem conseguir formular frases; tentava falar mas era incapaz, apenas conseguia gritar e chorar».
Foi transportado de ambulância para o Hospital de Santarém, onde foi imediatamente observado. Após cerca de 30 minutos, os médicos deixaram Elodie ver o namorado que «ainda estava consciente». Por volta das 18h, a jovem foi informada de que «tinha tido uma hemorragia cerebral e um grande hematoma e teria de ser transferido de urgência para o Hospital de São José, em Lisboa». «Apenas tive tempo de lhe dar um beijo. Ele abriu os olhos e eu disse-lhe: ‘Eles vão cuidar de ti’.». Foi a última vez que falaram.