A Comissão Europeia deu esta semana luz verde ao plano de reestruturação do banco, desenhado depois do chumbo nos testes de stress do Banco Central Europeu. No cenário mais adverso, precisa de 1,4 mil milhões de euros adicionais de capital. De imediato, a equipa de Stock da Cunha acelerou os planos de reestruturação que tinha vindo a definir desde que a primeira tentativa de venda foi interrompida.
O principal negócio apontado para recapitalizar o banco e diminuir as necessidades de fundos é a venda da seguradora GNB Vida, que poderá representar um encaixe de 400 milhões de euros. Mas, além da necessidade de reforço de capitais, o grupo comprometeu-se explicitamente com as autoridades europeias a centrar-se nas atividades bancárias nucleares e «diminuir gradualmente» a atividade em unidades e geografias de negócios consideradas não essenciais.
Negócios de risco
O grupo que resultou da cisão do antigo BES herdou muitos negócios em que Ricardo Salgado se envolveu, seja através de participações diretas ou de financiamento. Na Controlinveste, o NB tem 15% da empresa que publica o Diário de Notícias e Jornal de Notícias, depois de uma conversão de dívida em capital, e é uma área de negócio tipicamente deficitária. A venda dessa posição aliviaria os rácios de capital do banco, já que este tipo de investimentos, fora da área bancária, penalizam os rácios de solvabilidade dos bancos.
O mesmo acontece com a participação na Pharol. A antiga PT já obrigou o banco a reconhecer perdas e, depois de uma penhora à Ongoing, o NB tem uma participação numa empresa sem qualquer atividade operacional, onde uma posição na Oi e a recuperação da dívida em incumprimento da Rioforte, que foi à falência, são os únicos ativos.
Os clubes de futebol são outra área de negócios problemática. O banco herdou a posição acionista que o BES tinha no clube da Luz, mas não só essa participação de quase 8% não gera dividendos como pesa nos rácios de capital do banco, por ser uma área não bancária e com maior risco. Neste caso, a venda a outros investidores pdoeria ser uma solução.
Empresas à venda
No Sporting, Stock da Cunha tem outra situação delicada, e terá de tomar uma decisão difícil já em Janeiro. Ao abrigo de uma antiga reestruturação de créditos, o banco emitiu títulos de dívida que para financiar o clube de Alvalade, mas ao fim de um período esses títulos, conhecidos por VMOC, convertem-se em capital da SAD. Esse período acaba precisamente a 17 de janeiro. No limite, o Novo Banco pode tornar-se acionista maioritário do Sporting, juntamente com o BCP, que também entrou nessa reestruturação de dívida.
A administração da SAD já marcou uma assembleia-geral para estender o prazo desse financiamento por mais 10 anos, com juro anual de 4%. Stock da Cunha poderá aprovar a extensão do crédito sem se tornar acionista do clube, mas nesse caso continuará exposto a um crédito problemático para os rácios do banco.
A reconfiguração das participações irá decorrer nos próximos meses, mas as medidas mais relevantes têm agora de ser tomadas a curto prazo, já que o Fundo de Resolução vai reiniciar a venda do Novo Banco em Janeiro e até lá terá de ser definido em pormenor o perímetro de atividades que vão ser alienadas em conjunto ou em separado.
Para já, nas contas semestrais, a empresa indica ter à venda mais de 20 empresas em que quer desinvestir. A mais valiosa é a Greenwoods, uma empresa com projetos imobiliários em Sesimbra, mas ali está a Portucale e a Autodril. Fonte conhecedoa do processo explicou ao SOL que as geografias não estratégicas estão também sob análise. O novo banco tem unidades em Londres, Macau, Cabo Verde, França e Moçambique, Venezuela e Luxemburgo, e nem todas essas atividades têm resultados satisfatórios. O Banque Espírito Santo et de la Vénétie, em França, é o mais problemático, e deverá ser vendido.