“Para os combatentes que estejam separados das suas esposas há muito tempo, ou para os combatentes estrangeiros que tenham deixado as suas esposas e filhos e que tenham por diante um grande exílio (…) , a graça divina e maravilhosa de generosidade traz-lhes as cativas escravas”, reza um dos papeis apreendidos.
Esses documentos datam do início de 2015, e foram confirmados por relatórios de organizações humanitárias e testemunhos de mulheres libertadas por milícias curdas e tropas iraquianas, sobretudo mulheres da minoria yazidis capturadas, pelo Estado Islâmico, em 2014, na sua ofensiva no monte Sinjar, que levou à posterior intervenção da aviação dos Estados Unidos da América. A ONU acusou o EI de escravizar mulheres e de as violar repetidamente.
Os documentos do Estado Islâmico regulamentam essa selvajaria. Afirmam que não é apenas por serem cativas que é “permitido ter relações sexuais e desfrutar delas”, são as autoridades religiosas locais que têm a o poder de determinar que assim seja e de as atribuir aos combatentes. Mulheres e crianças “infiéis” podem ser escravizadas e vendidas, mas é suposto os combatentes islâmicos alimentá-las e mostrar “compaixão” por elas. A documentação apreendida estabelece 15 normas religiosas para a escravatura sexual:
Não pode haver relações durante a menstruação; está proibido o sexo anal; e um pai e um filho combatentes não podem ter sexo com a mesma mulher.
Depois da libertação de várias mulheres ficou conhecido que o próprio autodenominado califa, al-Baghdadi, tinha várias mulheres escravizadas, entre as quais a cooperante norte-americana Kayla Mueller, sequestrada durante 18 meses, e falecida em Fevereiro de 2015.
Estes documentos não são surpresa, há anos, a revista teórica do Estado Islâmico, “Dabiq”, já tinha defendido estas práticas num artigo titulado: “A escravidão antes da hora”.