Mercedes e Skip acusadas de uso ilegal de crianças em publicidade

A Associação Portuguesa de Direito de Consumo (apDC) apresentou esta semana queixa à Direção-Geral do Consumidor e ao Ministério Público contra a Mercedes e a Procter & Gamble – que comercializa a marca Skip – pelo uso ilegal de crianças nos anúncios publicitários mais recentes das marcas. 

“O uso de crianças em publicidade que não lhes é especificamente dirigida é ilegal e imoral”, afirma Mário Frota, presidente da associação.

As queixas referem-se a dois anúncios que começaram a ser emitidos no início do ano: “No caso da Mercedes, em causa está o spot com imagens de um carro futurista ‘conduzido’ por um bebé. Já no caso do Skip, o anúncio inclui um bebé a sujar-se com comida e a olhar para um pai enternecido, entre outros juniores da família, para atestar a eficácia do detergente”, explica o comunicado da apDC enviado à redação.

“É vergonhosa a forma como as marcas abusam das crianças para passar mensagens que nem sequer lhes dizem respeito. Apelam ao lado emotivo e carinhoso para colarem essas emoções aos produtos”, diz Mário Frota.

O Código da Publicidade afirma que “os menores só podem ser intervenientes principais nas mensagens publicitárias em que se verifique existir uma relação direta entre eles e o produto ou serviço veiculado”, como o caso de brinquedos, por exemplo.

“A publicidade, mesmo se for dirigida a crianças – o que aqui não se verifica –, deve abster-se, como diz a lei, de conter elementos suscetíveis de fazerem perigar a sua integridade física ou moral, bem como a sua saúde ou segurança, o que nem sequer é tido em consideração pela Mercedes neste anúncio em que até dá ideia de que o bebé pode ir no lugar do condutor”, conclui o presidente da associação.