O’Sullivan chegou às 800 tacadas acima dos 100 pontos

Ronnie O’Sullivan tornou-se o primeiro jogador de snooker profissional a alcançar este feito. Entrou a vencer na primeira ronda do Masters ontem.

Rockeeeet maan burnin’ out this fuuuse. Elton John sabe mesmo inspirar-nos, é verdade. Mas calma, antes de ir ouvir a música, aprenda com outro “Rocket”, o do snooker. O inglês Ronnie O’Sullivan tornou-se esta semana o primeiro jogador da história da era moderna do snooker profissional a alcançar as 800 tacadas de 100 ou mais pontos. Conseguiu-o na primeira partida (“frame”) contra Barry Hawkins, do Grupo 1 da Championship League que decore emInglaterra. Tudo isto, e tal como em toda a sua carreira, feito a duas mãos. Porquê? Porque este inglês ora joga com a direita, ora joga com a esquerda.

“Rocket” já conta com cinco títulos mundiais (2001, 2004, 2008, 2012 e 2013), ultrapassou assim o seu antigo recorde, que pertencia a outro compatriota seu, o escocês Stephen Hendry (heptacampeão) – 775 há um ano. “Não penso que tenha jogado muito bem, mas os meus números sugerem o contrário. A minha concentração foi boa, a minha abordagem mental foi boa e isso foi, provavelmente, o que me permitiu chegar a este número”, disse em entrevista à World Soccer. O’ Sullivan, a modéstia é sempre algo que fica bem a qualquer atleta de alta competição. E vale, por vezes, alguns elogios e distinções das mais prestigiadas figuras. Não acredita? Pergunte a Dona Isabel II que em 2015 condecorou esta lenda com o título de Oficial da Ordem do Império Britânico – são 56 troféus no bolso desde 1992, incluindo cinco Masters mais os títulos mundiais, ou fazer pontuações máximas (147 pontos) por 13 vezes no circuito. Portanto, well played sir.

Com o apuramento garantido para o grupo final da Championship League, onde os jogos decorrem só em março, “Rocket” vai disparar tacadas já nos próximos dias – entrou a vencer (6-5) ontem frente ao bicampeão mundial galês Mark Williams nos oitavos-de-final do Masters de Londres. Esta vitória marca o seu regresso às grandes competições, depois da paragem após o último Campeonato Mundial em abril do ano passado. “Tive sorte em conseguir, não jogámos os dois bem”, confessou à BBC. Mas a um audaz destes, não é só a sorte a construir as suas tacadas.

Verdade que nos últimos 21 anos perdeu cinco finais do Masters, só que as últimas três foram decididas no “frame decisivo” (“negra”, para os mais entendidos). “Há áreas do meu jogo que precisam de melhorar, se quero dominar e ganhar como ganhava”, relembra. Mas quando questionado sobre se quer ultrapassar a marca dos 800 (802 para ser mais preciso), a vontade deste homem natural de Chigwell, é chegar aos quatro dígitos, ou seja, os mil “centuries”. “800 é um marco, chegar às 1000 seria bom. Provavelmente, terei de jogar mais três ou quatro anos para lá chegar, mas vou tentar”.

Nós só pedimos uma coisa: poder assistir ao próximo míssil desta estrela do snooker nos lugares da frente. Não é pedir muito pois não?

jose.capucho@ionline.pt