Na véspera, George H. W. Bush anunciara em direto da sala oval da Casa Branca que após meses de intensos esforços diplomáticos, os EUA não tinham «outra opção» a não ser o uso da força para contrariar a invasão iraquiana do pequeno Estado petrolífero, iniciada cinco meses antes.
Bush passara esses meses a preparar a operação e a formar uma aliança global para enfrentar Saddam Hussein. Primeiro iniciou a operação Escudo do Deserto, enviando milhares de soldados para a Arábia Saudita, porque o maior produtor mundial de petróleo estava também ele, segundo os EUA, sob ameaça de Saddam Hussein. Depois lutou pela aprovação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para autorizar o uso da força como resposta à invasão iraquiana.
Quando os bombardeamentos começaram, passam hoje 25 anos, Bush formara uma aliança com parceiros ocidentais como França, Reino Unido ou Canadá, mas também com potências árabes como Egito, Síria ou a própria Arábia Saudita. Nesse dia, Saddam Hussein anunciava aos iraquianos que começara «a mãe de todas as batalhas».
A operação Tempestade no Deserto durou 38 dias, período em que só a Força Aérea norte-americana largou 88.500 toneladas de bombas no Iraque e no Koweit. A guerra marcava a aposta nas armas inteligentes, mísseis guiados de alta precisão. Foi assim que em pouco mais de um mês os aliados conseguiram destruir por completo os sistemas de defesa aérea iraquiana, assim como danificar linhas de comunicação e abastecimento, edifícios governamentais, fábricas de armamento e refinarias de petróleo. Nos últimos dias da operação aérea os alvos preferenciais passaram a ser as fortificações da linha da frente iraquiana no Koweit.
Até que a 24 de fevereiro se deu o início da Operação Sabre do Deserto, que ficaria conhecida como a Guerra das 100 horas devido à facilidade com que as tropas aliadas entraram pelo Koweit vindas da Arábia Saudita e retomaram o controlo da Cidade do Koweit. Quatro dias depois, apesar das pressões internas dos falcões militares norte-americanos – que queriam aproveitar para marchar até Bagdade e derrubar Saddam -, Bush anuncia o cessar-fogo perante o colapso total da Guarda Republicana iraquiana.
Sem números oficiais, as estimativas de baixas espelham a falta de equilíbrio na guerra: os aliados terão ficado pelas 300 baixas, enquanto a estimativa iraquiana oscila entre os oito mil e os 100 mil mortos, segundo a Enciclopédia Britannica.
Pensava-se que seriam números finais, mas tanto a Força Aérea dos EUA como a do Reino Unido ali se mantiveram ao longo de toda a década. Porque Saddam, mal ouviu falar em cessar-fogo, logo tratou de atacar os rivais internos que cresciam com o seu enfraquecimento – curdos a Norte e xiitas a Sul.
Mas a grande cicatriz desta guerra só se conheceria anos mais tarde: indignado com a presença dos «infiéis» norte-americanos no «território sagrado dos muçulmanos» da Arábia Saudita, Osama Bin Laden declarava guerra aos Estados Unidos. Só a 11 de setembro de 2001 é que a ameaça foi levada a sério, já o filho de Bush ocupava a Casa Branca.
Mas os falcões eram os mesmos: Colin Powell, que fora chefe do Estado-Maior do Exército com Bush Pai, tornou-se secretário de Estado com o filho; Dick Cheney foi o vice-Presidente de Bush júnior depois de ter liderado a diplomacia dos EUA na presidência de Bush pai. Com Bin Laden e a sua al-Qaeda baseados no Afeganistão, foi aí que se deu a primeira resposta militar dos EUA ao ataque ao World Trade Center. Mas o Iraque de Saddam, e as suas alegadas armas de destruição maciça, voltaram a receber a visita do exército mais poderoso do mundo em 2003. As armas não se encontraram, mas Saddam caiu. Da anarquia que se instalou posteriormente no Iraque nasceu um grupo que em 2014 autoproclamou a existência de um califado na região. Um Estado Islâmico que haveria de provocar um regresso da Força Aérea norte-americana ao local.