O Brasil poderá gastar 21 mil milhões de dólares (mais de 19 mil milhões de euros) caso a petrolífera brasileira Petrobras precise de um resgate estatal para suportar os encargos de o petróleo descer para a casa dos 20 dólares durante 12 meses.
A empresa, que tem 127 mil milhões de dólares, mais de 117 mil milhões de euros, em empréstimos e títulos de dívida, cortou recentemente o plano de investimentos em 24% até 2019 para acomodar o colapso dos preços do petróleo, que surge num contexto já de si difícil devido ao escândalo de corrupção que atingiu os principais responsáveis da empresa e figuras cimeiras da política brasileira.
Aliás, as difíceis condições financeiras da Petrobras levaram as três maiores agência de notação financeira a descerem o rating da empresa para “lixo” no ano passado, o que é agravado pela recessão que o Brasil enfrentou em 2015 e que deverá manter-se este ano.
“O mercado tem razão em estar preocupado com as potenciais implicações nas métricas de crédito soberano se os países forem obrigados a apoiar as empresas públicas de petróleo e gás num cenário do barril a 20 dólares”, escreveu o analista do Citigroup Eric Ollom.
“A nossa análise mostra que a maior parte do impacto direto desse apoio está principalmente limitado à América Latina, especificamente o Brasil, Colômbia e México, mas só no Brasil é que o montante é significativo”, concluiu o analista.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou na terça-feira um relatório com previsões para a economia global, em que aumentou de 1% para 3,5% a estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2016, prevendo também uma estagnação no próximo ano.