Veja-se esta declaração de Passos, agora recordada: «Assumimos este compromisso: se a receita fiscal no IVA e no IRS ficar acima do que nós projetamos, então tudo o que vier a mais será devolvido aos contribuintes. E sabemos hoje que estamos em condições em 2016 de cumprir essa norma do Orçamento e que eles irão receber uma parte importante dessa sobretaxa» (27 de setembro de 2015). Curioso, este ‘eles’. Devemos ser ‘nós’, contribuintes e eleitores. E depois admira-se de ter perdido a maioria parlamentar.
E agora voltemos a ouvir Maria Luís: «Se o ano acabasse agora esse crédito fiscal de sobretaxa será de 25%, mas se me pergunta a minha expectativa é que o resultado possa ser ainda melhor do que esse» (finais de Agosto de 2015).
Um mês depois, a 25 de setembro – faltavam poucos dias para as legislativas de outubro -, o Governo subia a fasquia: afinal a devolução da sobretaxa podia ser ainda melhor. Chegava já aos 35%. Agora, em Janeiro de 2016, sabemos que nada daquilo era verdade – e que os mesmos jornais que tinham dado crédito às promessas se mostram agora surpreendidos com as petas eleitoralistas de Passos. O pior é que, como salientam os jornais agora, não são só Passos, Albuquerque e Paulo Núncio que ficam em causa, mas também a Máquina Fiscal (que os contribuintes já se habituaram a não apreciar muito). Mais um motivo para agradecermos o fim dacrispação-encrespamento do anterior Governo.
Ao mesmo tempo, sabemos que o Tribunal de Contas da UE criticou Bruxelas pela forma como foram impostos certos resgates, como o português (tão submissamente aceite pelo Executivo que lá vai).