Daí terem feito grande propaganda das medidas nos países de origem dos refugiados. Também se percebe que o País está todo unido nestas medidas, pela maioria enorme e folgadíssima com que foi aprovada no Parlamento, com votos favoráveis provenientes não só dos partidos que apoiam a coligação de Direita, mas também dos sociais-democratas, o tais que teriam ganho as anteriores eleições se não fosse a sua incapacidade para formar uma maioria parlamentar.
Ora a Dinamarca é realmente um país avançado, democrata e transparente. Ainda ontem, soube-se ter sido considerada o Estado mais transparente do mundo, numa avaliação independente da ONG Transparency International. Por outro lado, os partidos com mais votos nas eleições não endemoninharam ali a Direita, por ter formado um Executivo de maioria parlamentar, apesar de os sociais-democratas (do anterior Governo) serem o partido mais votado nas últimas eleições. E afinal, só querem evitar, segundo dizem, chegar ao ponto da Suécia, que anunciou ir expulsar refugiados.
Isto dos refugiados tem que se lhe diga, mas sem precipitações. Não serei eu a atirar a pedra aos que contestam a democracia e a expressão de uma esmagadora maioria europeia favorável a uma contenção de refugiados. Por um lado, admito que esta maioria, no caso concreto, e indo contra a maré das opiniões públicas, publicadas e politicamente corretas (certo, isto do politicamente correto é um daqueles horrores que agradam às imprensas de moda), tem uma força especial. Mas sou o primeiro a admitir que as maiorias nem sempre acertam, tendem a favorecer os corruptos, e são responsáveis por muitos absurdos arrepiantes da Histm atrincheirado eme o mais recente de Calais, em França. Mas o tempo mostra-nos que os muçulmanos se tvorecer os corrutptosterioória. E fica muito bem às minorias, apesar do politicamente correto, insistirem na defesa dos seus valores, até eles se tornarem mais socialmente apoiados (vejam-se todas as medidas fraturantes defendidas pelos nazis, e que hoje também uma certa sociedade que se supõe bem pensante afinal defende).
Por outro lado, tenho de ser o primeiro a reconhecer, como facto inquestionável apesar das tentativas de o esconder pelos tais politicamente corretos, que os refugiados muçulmanos são muito responsáveis por acontecimentos desagradáveis na Europa. Há o caso de Colónia, na Alemanha, e o mais recente de Calais, em França. Mas o tempo mostra-nos que os muçulmanos se têm atrincheirado em guetos de ódio a quem os acolheu, e continuam a desprezar os princípios ocidentais de igualdade das mulheres. É natural que as pessoas tenham medo. Não digo que a solução seja adotar simplesmente os princípios dos adversários, para os vencer (mantendo o que eles queriam e o que fazia deles adversários). E neste caso os adversários seriam ambos: a mentalidade dos refugiados e a de quem os combate mais ferozmente por cá. Mas parece-me perigoso deixar-se a partidos de fora do sistema a defesa de posições esmagadoramente maioritárias, e aparentemente sensatas, de simples segurança.
Já se sabe que a História ensina deverem as civilizações avançadas compreender que a prazo serão dominadas por bárbaros incivilizados, que só conhecem a Lei da Força. Mas isso é a vida. Resta-nos atrasá-la talvez com atitudes conservadoras.
E afinal quais são os princípios de uma Europa que, mal vislumbra um muçulmano de bolsos cheios para investir, aceita logo tapar as suas estátuas de arte histórica (não vá o visitante, com os seus pensamentos pecaminosos, cair imediatamente em pecado). E que Europa é essa que não reage aos fundamentos da crise dos refugiados, mas sabe ameaçar com voz grossa uma Grécia, a braços com essa crise de forma muito mais contundente (e na linha da frente relativamente aos naufrágios de refugiados no Mediterrâneo que tanto impressionam os europeus)? No fundo, a mesma Europa que não enfrenta derivas mais preocupantes de países como a Polónia, para se centrar apenas na fraqueza dos gregos.
Queremos combater as desigualdades de género, deixando como exceção cultural os muçulmanos? E então as desigualdades económicas, ficam de fora por causa daexceção cultural de certas elites ocidentais?
Repare-se neste relatório do Human Rights Watch, sobre os Direitos Humanos em 2016: «’A Política do Medo Ameaça Direitos’: o medo de ataques terroristas e o fluxo massivo de refugiados estão a levar muitos governos ocidentais a reduzir a proteção dos direitos humanos. Tais medidas retrógradas ameaçam os direitos de todos, sem qualquer demonstração de eficácia em proteger as pessoas comuns».
E repare-se agora neste relatório sobre desigualdades da Oxfam: Em 2015, apenas 62 indivíduos detinham a mesma riqueza que 3,6 mil milhões de pessoas, a metade mais afetada pela pobreza da Humanidade».