Há seis pessoas infetadas com zika em Portugal. Os cinco primeiros pacientes contraíram o vírus em território brasileiro e o último, um médico colombiano a estudar no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) , em Lisboa, foi picado pelo Aedes na Colômbia. Após regressar a Portugal, em meados do mês, já com sintomas – febre e erupção cutânea –, o médico dirigiu-se a uma consulta no Hospital Egas Moniz, por saber que no seu país as doenças que provocam este quadro clínico são comuns. Na Colômbia, o Aedes propaga não só o zika como outras doenças mais conhecidas, como a dengue. Neste caso, o zika acabou por ser confirmado no próprio IHMT através de uma tecnologia chamada PCR, que permite isolar o vírus em doentes em fase aguda ou que tenham estado recentemente infetados. Já no Instituto Ricardo Jorge são feitas análises laboratoriais. O instituto dispõe, desde 2007, de diagnóstico laboratorial para o vírus zika, que tem vindo a ser realizado, segundo a instituição, «desde há alguns anos em casos de importação e com maior intensidade nos últimos seis meses».
Todos os pacientes se encontram estáveis e a recuperar.
Sem barreiras climáticas
O médico luso-brasileiro e investigador do IHMT Vítor Laerte explicou ao SOL que o mosquito já foi detetado noutros países europeus, como Espanha, Itália e França. Em Portugal, a presença do Aedes só está confirmada na Madeira. «As barreiras climáticas já não são garantia. O mosquito já criou resistência a temperaturas mais baixas, pelo que tanto pode já ter chegado como pode ser que não entre. E pode até já ter existido no continente, nunca ter sido identificado e ter sucumbido a um inverno mais rigoroso, é impossível saber», garante.
E, tal como a OMS alertou, o investigador confirma que há risco de epidemia. «Existe esse perigo, e, para já, é urgente criarem-se testes diagnóstico comerciais para que o zika seja rapidamente detetado, o que ainda não acontece. Neste momento, faltam protocolos. É preciso perceber rapidamente a dinâmica de transmissão da doença», aponta o investigador. Enquanto não há soluções, o vírus «é frustrante do ponto de vista do acompanhamento médico».
Há alguns cuidados que se podem tomar, principalmente no caso de mulheres grávidas ou a tentar engravidar. « As pessoas devem marcar uma consulta do viajante antes de ir para as zonas mais afetadas, usar repelente, calças e mangas compridas», aconselha o especialista. «Devem saber que o Aedes gosta de atacar durante o dia e está habitualmente em locais como os aparelhos de ar condicionado ou debaixo das mesas numa esplanada, por exemplo. E é um mosquito discreto, não faz muito barulho pelo que é difícil detetar», conclui.