O banco liderado por Nuno Amado regressa assim aos lucros após quatro anos sempre a dar prejuízos.
“Pela primeira vez em muitos anos, tivemos resultados positivos em Portugal, embora de apenas 44,4 milhões de euros”, afirmou o presidente-executivo (CEO), Nuno Amado, na apresentação de resultados anuais. Com efeito, este segmento passou de um prejuízo de 387,3 milhões de euros em 2014 para 44,2 milhões de lucro (19% do total) em 2015
Já o contributo da actividade internacional diminuiu 3,7% (6,8 milhões), no ano em que vendeu uma posição de 15% no banco na Polónia. Já Moçambique quase que estagnou, com um crescimento de apenas 0,2% (84,2 milhões) e Angola subiu 50,1% (75,7 milhões). Isto apesar de crise financeira que o país atravessa devido à quebra do preço do petróleo.
O BCP refere que o resultado líquido em 2015 foi determinado pelo menor nível de dotações para perdas de imparidades e provisões, bem como pelas evoluções favoráveis da margem financeira e dos resultados em operações financeiras. Isto “não obstante o quarto trimestre de 2015 se encontrar penalizado pela contabilização de contribuições extraordinárias de 28,3 milhões de euros no Bank Millennium na Polónia (…) e com a dotação para o Fundo de Reestruturação do Crédito Hipotecário, e de 31,4 milhões de euros relativos ao Fundo Único de Resolução na atividade em Portugal”.
Em termos de depósitos concedidos, o BCP registou um crescimento de 3,5% para 51,5 milhões de euros. Já o crédito concedido registou um decréscimo de 3% para 55.438 milhões, com uma descida mais pronunciada (-4,8%) nas empresas do que nos particulares (-1,3%).
Na conferência de imprensa, Nuno Amado revelou que pretende reembolsar totalmente os ‘CoCo bonds’ subscritos pelo Estado durante este ano. “Os ‘CoCo’s’ podem ser reembolsados até 2017. Nós mantemos a intenção de os pagar este ano”, disse. O BCP recebeu três mil milhões de euros do Estado através de CoCos em 2012 e já pagou 2.250 milhões.
O presidente executivo do BCP defendeu ainda que as perdas dos contribuintes com o Banif foram mais elevadas devido à venda apressada. “Quem vende activos à pressa, claro que recebe um preço inferior”, afirmou.
Nuno Amado revelou ainda que o banco vai redefinir o seu modelo de distribuição, de modo a adaptá-lo à era digital. Este objectivo irá implicar o fecho de mais 100 balcões nos próximos três anos.
O presidente do banco aproveitou ainda para criticar a existência de contas base sem comissões de manutenção, aprovada no Parlamento com os votos dos partidos de Esquerda, considerando que pode ter efeitos na economia e no país.