Ser cozinheiro de sucesso apela ao suicídio

A última: Benoît Violier, que tinha sido considerado o melhor do mundo pela “La Liste” (resposta oficial francesa à lista tecnológica britânica “The World’s 50 Best Restaurants”), consagrado com 3 estrelas Michelin, francês que obteve também a nacionalidade suíça, 44 anos, suicidou-se domingo passado (31 de Janeiro) em casa, com arma de fogo. O facto…

Na realidade, os grandes chefes de cozinha (normalmente com estrelas Michelin) têm uma taxa de suicídios assustadora, que nos faz torcer o nariz perante um setor que ganhou imenso ‘glamour’ nos últimos anos. Miguel Laffan, o português que este ano perdeu a sua estrela, fez por aí umas declarações, a explicar porque é que os chefes mediáticos são tão jovens (na sua opinião a pressão não se aguenta depois dos 40).

A verdade, é que o suicídio dos chefes tinha começado muito antes do Guia Michelin e do ‘glamour’ da profissão. No Século XVII, o chefe mais famoso da época em França, François Vatel, natural de Paria e a quem foi atribuída a invenção do creme de chantilly (nome da terra onde morreu), se suicidou também aos 40 anos, e apenas por lhe faltar um peixe fresco para ementa que estava a preparar.

O restaurante de Violier, no Hotel de Ville em Crissier, Suíça, embora agasalhado por La Liste e pela Michelin, e considerado consensualmente um dos melhores do mundo, nem fazia parte da lista britânica (avessa ao anonimato dos inspetores Michelin) – talvez por não se mostrar suficientemente tecnológico, e apostar demasiado nos produtos biológicos de estação. O que o terá desorientado foram rumores de que iria perder alguma das estrelas Michelin.

Violier nascera na cidade costeira francesa de La Rochele, numa família de produtores de vinho, e era conhecido como um perfeccionista e um apaixonado pela caça. No Hotel de Ville sucedeu ao suíço Philippe Rochat, que considerava o seu mentor e que morreu no ano passado, tal como o pai de Violier.

Vejamos outros suicídios famosos relacionados com a cozinha: o de Bernard Loiseau, quando começaram a circular rumores de que o guia Michelin lhe ia retirar a terceira estrela, em 2013 apareceu morto de um tiro em casa; 2 chefs americanos suicidaram-se depois de terem sido enxovalhados em programas televisivos culinários: Rachel Brown (de Dallas), aos 41 anos, e Joseph Cerniglia (Nova Iorque), de 39.

Também um finalista do programa de culinária ‘Masterchef USA', Josh Marks, foi encontrado morto em Chicago.

Profissão de alto risco, portanto. E o melhor é chegar para lá as estrelas, como há quem faça, mas a que alguns (menos seguros certamente) não resistem.