Estamos em guerra com Bruxelas?

Estamos em guerra com Bruxelas? Parece que sim, pelo que temos ouvido, por estes dias, do lado do Governo de António Costa e seus aliados das esquerdas. Dá mesmo ideia de que Portugal está em patriótico confronto, político e bélico, com o poder inimigo da União Europeia.

Se não vejamos. Catarina Martins, a fogosa líder do BE, clama que «a Comissão Europeia não tem legitimidade democrática» e mais: «Nunca deu um bom conselho para defender o país». Arménio Carlos, o beligerante rosto da CGTP, denuncia a «chantagem que a Comissão Europeia e o FMI e o próprio BCE continuam a exercer sobre Portugal». João Ferreira, soviético eurodeputado do PCP, acusa a CE de «uma arrogância de recorte colonial» e recomenda a Juncker, presidente da Comissão: «Acalme lá por isso os seus burocratas». E até no PS se ouviu Porfírio Silva, conselheiro especial de Costa no Largo do Rato, a avisar que «corremos o risco de que a União Europeia se transforme numa União Soviética sem KGB».

Aqui chegados, é caso para perguntar: mas estes senhores entraram todos, por engano, no filme errado? No filme de uma União Europeia, na qual há regras voluntariamente aceites por todos os Estados-membros? As regras da União Económica e Monetária e do Pacto de Estabilidade e Crescimento – que Portugal subscreveu – impõem a submissão dos orçamentos à aprovação do Conselho e da Comissão. Estes senhores do PCP, do BE e do PS não sabiam? Não se sentem bem em Bruxelas e na UE? Então façam o favor de sair.

Mas evitem o ridículo destas bravatas infantis, de um nacionalismo patrioteiro e bacoco, de quem se acha no direito de receber milhões de fundos europeus e ajudas financeiras em situações de desespero, mas entende que não é obrigado a cumprir regras.

Tudo isto faz lembrar, cada vez mais, o ambiente que se vivia na Grécia há um ano: desde a prosápia de Varoufakis à arrogância das esquerdas que achavam que um partido ou um país podia sobrepor os seus interesses aos de todos os parceiros da Europa a 28.

Viu-se como acabou, na Grécia, esta brincadeira. Olhem para o estado em que está o Syriza neste início de 2016. E aprendam qualquer coisa com isso.

jal@sol.pt