Foi mais um dia negro a acompanhar a tendência nos mercados internacionais. Na Europa, as principais bolsas também registaram fortes quedas. Em Madrid, o Ibex 35 caiu 4,88% – as perdas já totalizam os 16,82% desde 1 de janeiro –, em Paris, o CAC 40 deslizou 4,05% e o Dax na Alemanha perdeu 2,93%. Desde o início do ano, o índice alemão já perdeu 14,88%, até mais do que o PSI 20.
O índice de referência grego, o FTASE, estabeleceu mesmo um novo mínimo histórico. O Stoxx 600, que congrega as 600 maiores cotadas da Europa, caiu 3,68% num dia em que voltou a negociar em mínimos de Outubro de 2014. Em Wall Street, o S&P estava a perder 2,15% à hora de fecho desta edição.
Na Europa, como nos Estados Unidos, é o sector bancário que está a influenciar as fortes quedas. O índice Stoxx para a banca europeia desvalorizou mais de 6% para um nível que se não se registava desde o início de Agosto de 2012.
O Deutsche Bank esteve em destaque depois dos rumores que circularam de que o banco alemão não seria capaz de pagar as obrigações convertíveis (CoCos) que emitiu há anos. As acções do banco chegaram a cair 10% e fecharam a sessão a perder 6,1%.
O banco francês Société Générale afundou 12,5%, depois de os resultados de 2015 terem ficado abaixo do esperado. Os resultados também abaixo do esperado de outros bancos também contribuíram para as fortes de quedas de ontem. O abrandamento da economia mundial e as novas regras de intervenção na banca também são apontadas também para o descalabro de ontem.
Juros ao nível de 2013 As Obrigações do Tesouro também foram fortemente pressionadas na sessão desta quinta-feira, com as "yields" da dívida pública a liderarem o movimento de agravamento num contexto de fuga ao risco por parte dos investidores e de muitas dúvidas sobre a política orçamental do novo governo.
Os receios de que a agência canadiana DBRS corte o "rating" de Portugal, o que provocaria um corte no acesso ao programa de compras de ativos do Banco Central Europeu, também tem contribuído para esta tendência. A "yield" das obrigações subiu 40 pontos base para 4,11%. O maior aumento desde a sessão de 12 de Julho de 2013, dias depois de Paulo Portas ter apresentado a sua "demissão irrevogável", que depois acabou por não concretizar.
Na altura, os juros estavam em níveis bem superiores, com a "yield" das obrigações a 10 anos a atingir os 7,5%. Nesse dia, os juros subiram 60 pontos base e no dia seguinte ao pedido de demissão de Portas a subida foi ainda maior (acima de 70 pontos).
As obrigações portuguesas têm sido das mais penalizadas nos últimos dias pela aversão ao risco dos investidores, que têm também castigado a dívida de outros países periféricos do euro. Ontem, os juros de Espanha e Itália também subiram, mas muito menos. A "yield" espanhola cresceu 6 pontos para 1,78% e a italiana aumentou 7,5 pontos para 1,71%.