Trumbo. Nunca largar a caneta

Nunca saberemos todos os segredos da humanidade. Muito menos dos EUA. Não falamos de teorias da conspiração que alegam que nos albergues secretos do governo norte-americano vivem alienígenas, a comida é injetada e a imortalidade está praticamente alcançada. 

Referimo-nos antes a conversas de bastidores que nunca vamos ouvir. Local perfeito para o efeito? Hollywood. A prova disso mesmo é este “Trumbo”, filme de Jay Roach a partir da biografia do argumentista de quem aqui se fala. “Dalton Trumbo”, foi escrita por Bruce Alexander Cook em 1977 e serviu de basa para John McNamara criar o guião para este filme com uma série de indicações aos Óscares. Capsúla do tempo para 1950, década de água pela barba em Hollywood, capaz de deitar qualquer talento por terra. Dalton Trumbo (Bryan Cranston) era, até essa altura, um dos mais prestigiados, talentosos e concorridos argumentistas da indústria norte-americana.

Como tudo o que é bom demais acaba depressa, Trumbo, juntamente com outros nove argumentistas, são colocados numa lista negra por terem ligações ao Partido Comunista dos EUA e por, alegadamente, fazerem propaganda comunista nos filmes onde assinavam os argumentos. Cada um foi condenado a alguns meses de prisão, aos quais se juntou a impossibilidade de voltar a trabalhar em Hollywood. Pelo menos, com o seu nome. Sim, que todos aqui sabemos que basta arranjar um pseudónimo para mudar a vida. Trumbo já merecia esta homenagem e – digamo-lo com clareza: não é o melhor filme do mundo – só isso já merece uma ida ao cinema. As causas nobres calham sempre bem.    

“TRUMBO”
De Jay Roach
Com Bryan Cranston, Diane Lane e Helen Mirren