O mesmo que é peça essencial do processo dos Deolinda: “O disco foi surgindo aos poucos, durante 2014, já no decorrer na tournée que estávamos a fazer, e depois para o final do ano foi quando consegui mais temas. Em abril de 2015 juntámo-nos todos à volta das ideias”, acrescenta o autor das letras da banda.
Na semana passada, libertaram o single e teledisco de ‘Corzinha de Verão’, maresia de inverno, claro confronto entre museu e praia com um toque de ironia, pois claro. “A canção era nitidamente uma canção de verão e o desafio era não usar esse cliché e por que não falar da chuva, do inverno, da chuva?” – explica Pedro, em torno de um tema que sugere que irrompamos a alta cultura com a cultura popular, espécie de ida ao Louvre de havaianas.
Outra das Outras Histórias é ‘A Velha e o DJ’, na tal parceria com Riot, onde Deolinda traz a máscara da noite, numa mistura rara entre acústica e eletrónica. Uma breve conversa de bastidores durante um festival motivou o tema com ritmo funaná. “É o ‘tuganá’. Nunca tínhamos pensado nisto. Estamos mais que prontos para ouvir a nossa música numa discoteca, ficaríamos tristes se isso não acontecesse. Desde que brincámos a dizer ‘fixe era os Deolinda irem ao Sudoeste ou à ZDB’ e fomos ao Sudoeste e à ZDB, desde aí que percebemos que nada é impossível”, afirma Ana Bacalhau.
Enfim, o nome, coisa que por norma os Deolinda dão bastante atenção: Canção ao Lado (2008), Dois Selos e Um Carimbo (2010), Mundo Pequenino (2013) e agora Outras Histórias. O mais difícil de todos, segundo nos dizem. “Este disco esteve mesmo quase para se chamar ‘Outra Desgraça’ porque nos dava muito gozo pensar nas parangonas ‘Deolinda editam Outra Desgraça’. Mas depois achámos que ainda ia dar asneira…”, relata Ana Bacalhau.
Quarto disco, uma carreira a seguir a todo o gás e um trilho que é feito com gosto. “Não encaramos isto como o nosso trabalho, é antes a pica que tínhamos quando percebemos que queríamos ser músicos. É um chamamento que nos faz prosseguir”, conclui a vocalista.