“Negociei um acordo que dará ao Reino Unido um estatuto especial. Vou recomendá-lo no Conselho de Ministros de amanhã”, anunciou pouco antes das 22h, no Twitter, o primeiro-ministro britânico.
Sem se conhecerem na totalidade os pormenores do acordo, foram já anunciadas algumas das conquistas britânicas: o país poderá começar a limitar os benefícios sociais a cidadãos da União Europeia que residam na Grã-Bretanha; o abono de família para filhos de migrantes da zona euro será reduzido, mas aparentemente só no futuro, mantendo-se intocados os que já recebem; e passará também a ter uma palavra a dizer sobre as políticas financeiras acordadas entre os membros da Zona Euro, da qual está excluído devido à manutenção da libra – não só o Reino Unido ganha esta possibilidade mas todos os membros da EU que não aderiram à moeda única.
Com estas alterações, Cameron promete defender a manutenção do país na EU durante a campanha para o referendo que se deverá realizar ainda este ano – a data pode ser anunciada este sábado, com o Conselho de Ministros de emergência convocado por Cameron – é a primeira vez que se realiza uma reunião do governo ao sábado no Reino Unido desde 3 de abril de 1982, dia em que Margaret Thatcher se viu obrigada a reagir à invasão das ilhas Malvinas por parte da Argentina.
Embora tenha conseguido o acordo, não é certo que Cameron sairá vencedor da mais arriscada jogada política da sua carreira. Com o crescente euroceticismo britânico, jornais e políticos defensores da saída já começaram a defender que o acordo é insuficiente. Mesmo na tarde de setxa-feira, quando ainda negociava em Bruxelas, o PM britânico ficou a saber que o ministro da Justiça e um dos seus maiores aliados no partido, Michal Gove, se juntou à campanha dos que querem separar o país de Bruxelas.
Cameron já prometeu que o seu Partido Conservador não tomará uma posição oficial no referendo, embora o próprio já tenha garantido que defenderá a filiação europeia.