O Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Santarém está já a investigar as denúncias de descargas poluentes no Rio Tejo por parte da empresa de celulose Celtejo. O assunto saltou este mês para as páginas dos jornais, depois de alguns pescadores terem feito um vídeo em que mostravam que parte do problema da poluição do Tejo começava em Vila Velha de Ródão (onde ficam as instalações da fábrica). Ao i a Procuradoria-Geral da República revelou que já foi entretanto aberto um inquérito.
“A Procuradoria-Geral da República, face a noticias publicadas, comunicou-as ao Ministério Público (MP) competente, para que fossem apreciadas no âmbito das respetivas atribuições. Na sequência desta comunicação, foi instaurado um inquérito relacionado com a matéria no DIAP de Santarém”, explica fonte oficial, afirmando ainda que “o MP na jurisdição administrativa encontra-se a apreciar a matéria, com vista a ponderar a instauração de ação administrativa”.
O vídeo Nas imagens, que foram colocados no Youtube, veem-se pescadores, num pequeno barco a motor, a mostrar os vários locais onde são alegadamente feitas descargas pela Celtejo. Durante mais de dez minutos recolhem amostras de água antes e depois de cada uma das manchas que, de forma repetida, vão chegando ao rio.
O deputado social-democrata Duarte Marques reagiu de imediato a estas imagens, lembrando as versões contrárias dos autarcas de concelhos vizinhos do Rio Tejo que foram recebidos já este ano na comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação. “Dois em particular, o edil de Castelo Branco e o de Vila Velha de Ródão, quase que juraram a pés juntos que a água já chegava ‘preta’ de Espanha. Achei estranho, mas admiti essa possibilidade”, escreveu num artigo de opinião publicado no Expresso.
Segundo Duarte Marques os autarcas, incluindo o de Vila Velha de Ródão, têm “fechado os olhos” a estas situações
O deputado diz mesmo já não ter dúvidas: “Antes e depois de Vila Velha de Ródão há uma diferença abissal, é como comparar preto e branco. Basta encher uma garrafa de plástico transparente com água do rio para notar a diferença. A água acima da descarga de efluentes da Celtejo está quase transparente, daí para baixo está escura, com um cheiro hediondo”.
Além da Celtejo, o social democrata acusa ainda a CentroOliva de fazer descargas ilegais numa ribeira que desagua no Tejo, afirmando que “qualquer uma destas empresas, além de estar a destruir o rio Tejo e, consequentemente a matar o meio ambiente, está a causar graves problemas de saúde às populações vizinhas, cujas verdadeiras consequências estão por determinar.”
A PGRafirmou ao i que, sobre a poluição da Celtejo, já tinha sido aberto um inquérito em 2015 “no DIAP de Castelo Branco, o qual teve origem numa denúncia anónima.”