SOL e SOMBRA

As figuras do Sol&Sombra da semana

SOL…

Carlos Costa

Nunca se vira um governador do Banco de Portugal ser alvo de um ataque político de tal envergadura. Converteu-se no adversário principal a abater pelo Governo de António Costa e pelas esquerdas que o apoiam. É evidente que as questões dos lesados do BES ou de quaisquer auditorias são expedientes meramente instrumentais nesta tentativa descarada do poder político para condicionar publicamente o governador do banco central ou forçar a sua demissão. Governador que, pelos vistos, incomodou muitos interesses – financeiros e políticos – ao ter a coragem de afrontar e afastar o ‘dono disto tudo’, Ricardo Salgado. Fica a ideia de que deveria ter reagido com maior firmeza e autoridade a esta abusiva intromissão na independência do BdP. Esperemos que, pelo menos, o BCE ponha alguma ordem nestes excessos à portuguesa.

Marcelo Rebelo de Sousa

Não há memória de um Presidente eleito a receber o Governo, do primeiro-ministro a vários ministros, e outras individualidades a despacho, como se já fosse o PR em funções. Aí está uma origi- nalidade de quem sabe ocupar a agenda política como poucos – e de quem promete outras originalidades no exercício do cargo a partir de 9 de março. Para já, o poder presidencial parece ter passado do palácio de Belém para o de Queluz.

 

…Sombra

Cavaco Silva

Por sobranceria cultural e contas políticas mal resolvidas no passado, a esquerda critica-o por tudo e por nada, a maioria das vezes sem razão. Mas esta enxurrada de condecorações que está a promover nos dias finais do mandato ultrapassa os limites do admissível: ex-ministros sem currículo que se veja, pessoas só conhecidas no seu círculo próximo e – cúmulo dos cúmulos – uma figura desacreditada como o ex-subsecretário de Estado Sousa Lara! É triste e penoso este fim de festa em Belém.

António Costa

É um artista a fazer de conta que tudo vai bem quando à sua roda só se ouvem críticas e desconfianças – dos seus parceiros europeus aos parceiros do seu Governo. E tudo parece correr mal à sua volta – das erratas ao OE que aumentam a carga fiscal ao ISP pela calada da noite ou ao novo plano B de austeridade. E o desaustinado ataque ao governador do BdP fica como uma nódoa antidemocrática do seu Governo.

jal@sol.pt