Fundado em 2003, o FestivalTerras sem Sombra é uma iniciativa da sociedade civil que visa tornar acessíveis, a um público alargado, os monumentos religiosos da Diocese de Beja, como locais privilegiados – pela história, pela arte, pela acústica – para a fruição da música sacra. A sua programação tem tido qualidade internacional – e inclui concertos, conferências temáticas, visitas guiadas e ações de pedagogia artística.
O Festival tem sido dirigido pelo historiador de arte José António Falcão, que se tornou assim o grande promotor da arte alentejana. De início, para além do apoio da Diocese de Beja (e muitos voluntários aí congregados), tinha financiamentos de diversas autarquias das redondezas. A12ª edição do Terras Sem Sombra deve decorrer agora até Julho, em 8 concelhos do Baixo Alentejo — Alvito, Almodôvar, Sines, Ourique, Serpa, Odemira, Castro Verde e Beja.
Talvez por causa do apoio espanhol, o novo diretor artístico, Juan Ángel Vela del Campo, vem agora de lá. E fala-se na sua transformação em Festival Ibérico. Começou já com cedências mais turísticas do que culturais, como a associação da cozinha espanhola. E o tal diretor artístico espanhol, talvez com pouco ouvido para a música, e mais lábia político-nacionalista, levou uns grupos de Cante Alentejano a Madrid, para promover o Festival. Fala-se até num frente-a-frente entre o tal Cante alentejano e o flamengo. Será a maneira definitiva de esmagar o Cante alentejano, se nos lembrarmos da fraca figura que fez já o fado português (que sempre é mais sofisticado musicalmente do que o cante), na sua melice sofredora, frente à assertividade musical do flamengo.