Portugal na lista de clientes de droga que provoca morte imediata

Nos últimos sete anos, quatro pessoas morreram em Portugal pelo consumo de uma droga ilegal comercializada na internet. Segundo dados disponibilizados pelo Instituto de Medicina Legal a que a revista “Visão” teve acesso, “houve quatro casos [de mortes por consumo desta substância] entre 2009 e 2015, dois deles suicídios”.

Tailândia, China, México, Peru: a origem é variada e o mercado de consumo ainda mais – pelo menos 18 países, entre a Ásia, os Estados Unidos e a Europa, Portugal incluído. À revista “Visão”, Philip Nitschke (um antigo médico e reconhecido militante pró–eutanásia que por essa batalha ganhou a alcunha de “Dr. Morte”) diz que a organização Exit International tem 30 registos diferentes de potenciais clientes da droga com morada em Portugal. “Cerca de metade dos membros inscritos compraram o nosso livro, e geralmente todos o fazem com o fim de obter a droga”, refere Nitschke, deixando em aberto a possibilidade de alguns poderem tê-la tomado. “Sabemos que alguns indivíduos a receberam e, como nunca mais ouvimos falar deles, acreditamos que, provavelmente, a droga terá sido usada.”

Droga para animais Usar a droga no mundo da veterinária é uma prática recorrente. O fim é o mesmo: a morte de animais de grande porte (ainda que possa ser usada apenas para anestesiar estes animais).

O produto está disponível no mercado português, mas a aquisição está restringida a médicos veterinários. “Há medicamentos veterinários que contêm a mesma substância ativa, mas são de uso exclusivo por médicos veterinários e adquiridos nos distribuidores autorizados pelo Infarmed, mediante receita médico-veterinária especial e seguindo os requisitos obrigatórios para a aquisição de estupefacientes”, referiu à “Visão” a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.

Riscos do mercado negro Regra geral, a droga é vendida na sua forma líquida (mas em alguns casos também está disponível em pó).

Com a quantidade adequada (entre 10 e 12 gramas, segundo o próprio “Dr. Morte”), uma toma basta para que se consiga o efeito desejado: a morte. E o resultado é obtido em poucos segundos.

Mas o processo não é isento de riscos. Sobretudo porque, estando em causa a compra e venda através da internet, a qualidade do produto que se está a adquirir não pode ser garantida a todo o momento (a Exit International mantém um registo atualizado dos pontos seguros de venda, mas o acesso a essa lista tem um custo associado).

O consumo de produtos neste mercado negro “acarreta vários riscos, nomeadamente a ausência da substância ativa, a sua presença numa quantidade inadequada e a possibilidade de os fármacos estarem contaminados com substâncias tóxicas”, referiu àquela revista a presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, Rosário Órfão.