Quando chega a altura de decidir o novo Papa, milhares de pessoas reúnem-se na praça do Vaticano à espera de fumo branco que dê a confirmação do novo líder da religião católica. No Estádio José Alvalade houve muito fumo: verde, vermelho, e tantas outras cores. Espalhado pelos cerca de 49 mil adeptos que se juntaram para o derby Sporting-Benfica – o quarto encontro entre os dois clubes de Lisboa esta época. Houve um golo de Mitroglou aos 20 minutos que deixa os encarnados à frente do campeonato com mais dois pontos que os leões. Sobre o jogo? Não é difícil. Uma primeira parte onde o medo de arriscar não aqueceu as luvas de Rui Patrício e Emerson (Júlio César lesionou-se e pára seis semanas), em que as duas equipas preocuparam-se mais em não cometer erros, dando pouco a um espetáculo que se queria tão intenso como os outros três embates.
Ora se Jorge Jesus queria fazer poker de vitórias ao antigo clube precisava de fazer por isso. E nos primeiros 45 minutos a mensagem do banco para o relvado custou a entrar no emblema verde e branco. Mitroglou, aproveitou o "stress pós embate de Guimarães" dos leões e tomou o papel que costuma ser de Jonas (homem golo que já leva 26 tentos) para concretizar num lance confuso entre os centrais do Sporting. Estava feito o primeiro.
Mas até ao intervalo, foi mais vezes o apito de Artur Soares Dias a atuar, do que os 22 jogadores em campo. Só mesmo um remate de fora da área de Jefferrson aos 39' assustou, com estrondo, a baliza do Benfica. A fórmula de contra-ataque de Rui Vitória estava a dar resultado – na Taça de Portugal o Benfica começou a vencer mas deixou-se empatar antes do intervalo e acabou eliminado. 4 remates para a equipa de Alvalade apenas um para os visitantes. Queria-se mais das bancadas, mas para o emblema que quer conquistar o trio isto chegava.
A segunda parte resgatou o espetáculo desejado pelos adeptos, mas os da casa não iriam ver mais alterações no marcador. JJ sabia que era preciso correr, jogar bem e marcar. As duas primeiras lá surgiram, mas os desperdícios – relembrando o jogo da jornada anterior frente ao Vitória – de homens como Bryan Ruiz (aos 72' falhou isolado) – fizeram com que o Sporting fosse incapaz de impor no resultado aquilo que estava a fazer no campo. Mandou, rematou, mas o Benfica soube defender num jogo em que a chave esteve na paciência.
E foi o que houve ao quarto confronto. Poucos remates, pouco jogo, e muita paciência para o agora líder do campeonato. Não foi o papa que foi escolhido, mas para quem achava que o Benfica só por milagre conseguiria vencer esta época os rivais, teve aqui uma lição de bem defender. Levou com isso e com fumo, muito.