Teodora Cardoso

A presidente do Conselho de Finanças Públicas veio apontar insuficiências no OE para 2016, riscos significativos na redução do défice e excesso de otimismo na previsão sobre o crescimento económico (que contraria os cenários da OCDE e da Comissão Europeia). E alertou para a sobreestimação da receita de impostos, a hipótese de retração do consumo, a falta de medidas estruturais para a despesa pública ou os pedidos irrealistas de reestruturação unilateral da dívida. Revelou, uma vez mais, independência de pensamento e isenção face ao poder político de serviço. E não deixa de ser curioso ver a esquerda, que tanto elogiava os seus reparos ao Governo de Passos, a criticá-la agora… por estar alinhada com Bruxelas.

Sombra:

Catarina Martins

O mesmo BE que há um ano fazia concentrações na rua com cartazes Je Suis Charlie, pela liberdade de expressão e contra a intolerância religiosa, recuou agora em toda a linha com o cartaz de ‘Jesus também tinha dois pais’ – da líder a Marisa Matias e ao guru Francisco Louçã todos o consideraram ‘um erro’. Para onde foi a afamada irreverência do Bloco? Agora fogem de temas fraturantes? É irónico vê-los tão bem comportadinhos e politicamente corretos. Tão submetidos às convenções, ao pragmatismo político mainstream, ao peso da aliança de Governo. Quem os viu e quem os vê…

Maria Luís Albuquerque

Não lhe fica bem a pressa com que, passados apenas três meses, vai trabalhar para uma empresa estrangeira de gestão de dívidas públicas, como que passando para o outro lado da barricada. Não é ilegal nem incompatível, mas não é bom para ela nem para a imagem do PSD e do próprio Passos Coelho. Mais extraordinário, no entanto, é ver Ferreira Leite (que passou do Governo para o Santander há dez anos) a criticá-la. Ou o PS dos swaps de Sócrates a tentar culpá-la pelos casos que ela procurou resolver. Há mesmo quem tenha muita falta de vergonha.

João Soares

A demissão de António Lamas do CCB foi feito à bruta, na praça pública e sem explicações que a sustentem. E, assim, fica a ideia de que as únicas razões substanciais para esta inopinada substituição no cargo terão mais a ver com fidelidades partidárias ou maçónicas do que com critérios de índole cultural ou de serviço público.