O estudo foi feito pelos economistas Alfredo Marvão Pereira e Rui Marvão Pereira e analisa três décadas de investimento público, entre 1978-2011, na ótica das infraestruturas. E os resultados mostram que muitas ideias feitas na discussão pública não são correctas, com base nos resultados conseguidos.
Neste período, Portugal investiu em média 4,05% do PIB em infra-estruturas, e a maior parte das verbas não foram para auto-estradas desertas, como por vezes transparece da discussão pública. Os investimentos em eletricidade e gás foram os mais relevantes naquele período, atingido 14,44% do total nacional do investimento feito no país. E, mesmo dentro da rodovia, Portugal gastou mais em estradas nacionais ou municipais do que em auto-estradas, por exemplo.
Além disso, os economistas admitem que os efeitos económicos dos investimentos em estradas municipais, autoestradas e em eletricidade e gás “não são significativas ou relevantes”, mas há outros que geram retornos positivos e se pagam a si mesmos. Os maiores efeitos de longo prazo no PIB são nos investimentos em ferrovia, portos, aeroportos, saúde, educação e telecomunicações. “Para todas estas infraestruturas, os efeitos no PIB são suficientemente grandes para sugerir que estes investimentos se pagaram por si mesmos, sob a forma de receitas fiscais adicionais no futuro”, conclui o estudo.
Os autores assumem que querem um “debate informado sobre o tema” e indicam que “a verdadeira medida do sucesso deste nosso esforço é se, dentro de uma década, pudermos dizer que o debate sobre política económica em Portugal nestas matérias foi um debate informado por conceitos e não por preconceitos”.