Os dois investimentos mais recentes foram conhecidos hoje. Segundo revela a agência Lusa, a sociedade de investimento imobiliário espanhola Merlin Properties comprou o edifício Monumental e a Torre A do complexo Torres de Lisboa, que a Galp usa atualmente como sede, por 103 milhões de euros.
A Merlin Properties é uma das principais companhias imobiliárias espanholas e o foco da actividade é gerir ativos imobiliários na Península Ibérica. Em junho de 2015, já tinha anunciado a compra do edifício no Parque das Nações onde está a tecnológica portuguesa Novabase.
O peso crescente dos espanhóis no imobiliário não é de hoje, mas há outro sector onde os investimentos de Madrid no país estão a agitar mais os ânimos: a banca.
Depois de uma polémica compra do Banif pelo Santander Totta, o mercado dá o CaixaBank como um dos principais interessados na compra do Novo Banco, caso ultrapasse com sucesso as negociações com Isabel dos Santos no BPI e compre a participação da empresária angolana no banco de Fernando Ulrich. Se conseguirem juntar o BPI e o Novo Banco, os espanhóis ficam com uma instituição gigante, muito perto do maior banco do sistema, a Caixa Geral de Depósitos.
O economista Francisco Louçã, numa carta enviada ao ministro das Finanças juntamente com o economista Ricardo Cabral, alertou precisamente para o “risco de espanholização do sistema bancário português”. A tese é simples: “O BCE quer o Santander como banco europeu de referência para a Península Ibérica”, escreveu Louçã.
Marques Mendes, no comentário da SIC, foi mais longe, indicando que o Governo, o governador do Banco de Portugal, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa sabiam do que ninguém fala na praça pública: “Há uma tentativa do BCE de entregar o controlo dos principais bancos nacionais aos bancos espanhóis. É uma espécie de ‘espanholização’ da banca portuguesa”.
O Expresso indicava esta semana que Marcelo Rebelo de Sousa quer travar o domínio espanhol no sistema financeiro. O semanário escreve que o novo Presidente da República já se reuniu com primeiro-ministro, ministro das Finanças e governador do Banco de Portugal e pediu uma estratégia contra “dependências contrárias ao interesse nacional”, o que implica negociar com o BCE para evitar maior concentração de poder em mãos espanholas.