O português de 21 anos ganhou o 2º Castro Marim Classic, no mesmo torneio em que no ano passado já tinha brilhado, ao terminar como vice-campeão, soçobrando então no play-off, diante do inglês Marcus Armitage, adversário que, ao mesmo tempo, se sagrou n.º1 da Ordem de Mérito do Algarve Pro Golf Tour de 2014/2015.
Um ano depois, João Ramos voltou a ter de decidir um título, no mesmo campo, no mesmo torneio, de novo num play-off e, uma vez mais, com o jogador que venceu a Ordem de Mérito do APGT de 2015/2016.
Qual a diferença? Desta feita o rival foi o seu amigo e habitual parceiro de treino, Tiago Cruz. Ficaram empatados aos 36 buracos regulamentares com 11 pancadas abaixo do Par dos percursos Grouse e Guadiana.
“Sim, esta foi a (minha) vitória mais importante até à data”, confirmou João Ramos ao Gabinete de Imprensa da FPG, recordando que, nos tempos de amador, também se impôs “num dos torneios do Circuito FPG no Riabgolfe-1”, em 2013.
Profissional desde o ano passado, o jogador do Oitavos Dunes tem competido maioritariamente no PGA Portugal Tour e no Algarve Pro Golf Tour, mas recentemente estreou-se no primeiro torneio do circuito profissional espanhol, o MELÍÁ Hotels International Premium Tour 2016.
No 2º Castro Marim Classic, o jogador da Wilson Staff começou por cumprir a primeira volta em 65 pancadas, igualando o resultado da sua segunda volta do ano passado, mas nem esse excelente cartão de 7 abaixo do Par (pena os 2 bogeys no 17 e 18 para fechar o dia) o deixou na liderança, devido às 64 pancadas do inglês Craig Hinton.
Mas hoje o líder sofreu 2 bogeys nos últimos quatro buracos e perdeu todas as hipóteses, enquanto Ramos só cedeu 1 pancada numa segunda volta em 68 (-4). Mesmo assim, precisou de um bom final, jogando os derradeiros sete buracos em -3, e, sobretudo, de 1 birdie no 18, para forçar o play-off com Tiago Cruz.
Cruz, vencedor de três torneios do APGT na temporada que agora findou, tinha prometido esta semana ao Gabinete de Imprensa da FPG ir fazer “todos os possíveis para ganhar” este último torneio e não esteve longe. Uma segunda volta de 65 (-7), com um back-nine em -4 sem sofrer bogeys, lançou-o para o título, mas não contava com aquele birdie de Ramos no 18.
“Estou um pouco desapontado por não vencer nenhum destes play-offs, mas sinto que uma vitória está próxima”, escreveu Tiago Cruz na sua conta profissional do Facebook, referindo-se à morte súbita de dois buracos em que perdeu o 1º Castro Marim Classic, diante do inglês Jordan Smith.
O bicampeão nacional sai deste APGT como o novo n.º1 mas não terá necessariamente um convite para um torneio do European Tour ou do Challenge Tour, ao contrário dos anos anteriores, em que os vencedores da Ordem de Mérito ganharam um convite para o Madeira Islands Open BPI, como aconteceu duas vezes com Hugo Santos.
“Não tem nada garantido porque (em 2016) não há Madeira Islands Open BPI. Contudo, se surgirem convites, será um dos jogadores a receber um”, disse José Correia, o promotor do APGT e presidente da PGA de Portugal, uma das instituições que sanciona este circuito internacional, a par do Jamega Pro Golf Tour.
Embora João Ramos tenha integrado seleções nacionais da Federação Portuguesa de Golfe e da PGA de Portugal na Taça Manuel Agrellos, nunca fez parte dos jogadores que preferencialmente tinham convites para competições internacionais, quer em eventos da EGA (Associação Europeia de Golfe) quer dos circuitos profissionais do Challenge ou European Tours.
É por isso que esta vitória de hoje é muito mais importante para ele do que o prémio de 2 mil euros que embolsou:
“Foi muito importante para mim, porque senti que o meu esforço foi recompensado e que as horas de treino que tenho passado com o meu treinador Luís Barroso (do Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor) têm me ajudado muito”.
Luís Barroso é também o treinador do bicampeão nacional e, de certo modo, sente-se que Tiago Cruz, 12 anos mais velho, tem sido uma espécie de mentor. Não espanta que João Ramos considere “o Tiago um grande amigo e (um bom) parceiro de treinos”.
No momento do seu maior triunfo, o golfista de Cascais não esqueceu quem o tem ajudado e deixou uma sentida mensagem na sua conta profissional do Facebook:
“Quero agradecer ao meu treinador Luís Barroso, à Wilson Staff por apoiar-me e proporcionar-me o melhor material para poder competir, ao meu clube Oitavos Dunes por dar-me as melhores condições de treino e um ótimo ambiente, e a todos os meus amigos e família”.
João Ramos não vê o 2º Castro Marim Classic como um fim, mas como o princípio de algo maior: “Agora é continuar a trabalhar para conseguir ter mais vitórias e apresentar bons resultados”.
As classificações e resultados dos portugueses, num torneio com 54 participantes, foram os seguintes:
1º João Ramos (Oitavos Dunes), 133 (68+65), -11, €2.000 *
2º Tiago Cruz (BiG), 133 (68+65), -11, €1.300
15º (empatado) Ricardo Santos (Oceânico Golf), 141 (69+72), -3, €60
15º (empatado) Hugo Santos (Algarve Unique Properties), 141 (72+69), -3, €60
15º (empatado) João Carlota (Team Portugal), 141 (72+69), -3, €60
30º (empatado) António Sobrinho (Nike Golf), 146 (71+75), +2
40º (empatado) André Carvalho (Belas Clube de Campo), 151 (75+76), +7
47º (empatado) Rui Morris (Club de Golf de Miramar), 155 (80+75), +11
— Pedro Figueiredo (Navigator), 80 (+8)
Com o 2º Castro Marim Classic concluiu-se o 5º e último swing do APGT de 2015/2016. Desde o início desta semana que se sabia que Tiago Cruz era o vencedor da Ordem de Mérito. Foi uma temporada em que o inglês Jordan Smith e os portugueses Ricardo Santos e Tiago Cruz conseguiram três títulos cada um.
Os melhores portugueses na Ordem de Mérito nas épocas anteriores do APGT foram os seguintes:
1º Hugo Santos 2011 (Algarve Winter Tour)
2º Hugo Santos 2012 (Algarve Winter Tour)
1º Hugo Santos 2014 (Algarve Winter Tour)
2º Tiago Cruz 2015 (Algarve Pro Golf Tour)
1º Tiago Cruz 2016 (Algarve Pro Golf Tour)
* Federação Portuguesa de Golf (FPG)
* Venceu no play-off