O ator foi encontrado morto em casa. Acredita-se que terá sido vítima de um ataque cardíaco, mas a confirmação só existirá terminada a autópsia, que irá realizar-se amanhã, no Instituto de Medicina Legal, para onde já foi levado o corpo.
Ainda não foi avançada qualquer informação relativamente às conclusões da autópsia nem quanto à data do velório.
Nascido a 30 de julho, em Serpa, no seio de uma família de proprietários agrícolas, Nicolau Breyner mudou-se para Lisboa com os pais, onde ingressou no Liceu Camões, lê-se na RTP.
Nessa altura, estudou canto e fez parte do coro da Juventude Musical Portuguesa. Ainda ponderou ser cantor, mas enveredou pela carreira de ator e estreou-se na peça "Leonor Teles", sob a direção de Ribeirinho. Seguiu-se depois o teatro cómico, junto de Laura Alves.
Na televisão, o seu primeiro programa foi "Nicolau no País das Maravilhas", mas foi com "Senhor feliz e Senhor Contente" que ficou conhecido do grande público.
É descrito ainda como um dos ‘pais’ da primeira novela portuguesa, “Vila Faia”.
Nicolau Breyner fez ainda carreira no cinema, tanto como ator em filmes como “Corrupção”, “O Crime do Padre Amaro”, “Os Imortais”, mas também como realizador de películas como “A Teia de Gelo” e “Contrato”.
Recebeu três Globos de Ouro para Melhor Ator, com "Kiss Me" (2004), "O Milagre Segundo Salomé" (2004) e "Os Imortais" (2003).
Nicolau Breyner ia todos os domingos à missa na Basílica da Estrela, para onde irá corpo.
António Pedro Vasconcelos: "Era um tipo com uma vitalidade incrível e um bon vivant"
António Pedro Vasconcelos soube da notícia através do SOL: "Estou impressionado. Era um tipo com uma vitalidade incrível e um bon vivant", afirmou o realizador.
António Pedro Vasconcelos descreve ainda o ator como alguém "extremamente talentoso e com uma enorme capacidade de improviso". Trabalharam juntos nos filmes "Jaime" e "Os Imortais", sendo que o papel deste último foi criado especialmente a pensar no ator.
Marcelo: ‘Estive com Nicolau Breyner há dois dias’
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz que foi “com grande desgosto” que recebeu a notícia da morte de Nicolau Breyner. “Éramos amigos há décadas. E tinha estado com ele há dois dias, na Livraria Sá da Costa, na inauguração de uma exposição”, recordou o Presidente, que falou aos jornalistas no Palácio de Belém. O ator, salientou, teve “uma carreira e uma vida muito ricas, em termos humanos e culturais”: “Era uma grande figura, como artista e como pessoa”.
Herman José: “Era um homem incapaz de exercer maldade”
“O Nicolau foi o meu anjo da guarda na minha estreia em revista porque eu sentia-me desnorteado e ele viu em mim um talento que mais ninguém tinha visto”, afirmou Herman José. O apresentador afirmou que o ator foi o seu meter durante os três anos do programa “Senhor Feliz e Senhor Contente”. “Quando decidiu levantar voo, ele apoiou-me sempre no meu voo”, acrescentou.
“Era um homem incapaz de exercer maldade e um católico praticante. A religião era algo que para ele não estava aberta a discussão”, concluiu o apresentador.
Vítor de Sousa: "Sempre que se falar dele, tem de se escrever 'amigo' em letras grandes"
"Não se pode estar preparado para uma notícia destas", afirmou o ator Vítor de Sousa. "Era um homem muito bem disposto, um homem de grande sensibilidade e sempre que se falar dele, tem de se escrever 'amigo' em letras grandes".
O “senhor Contente” que trouxe o Herman para a RTP
No ano de 1975, quando Portugal vivia em plena revolução, Nicolau Breyner estreou na RTP, a única estação de televisão, um programa chamado “Nicolau no País das Maravilhas”. A rábula mais popular desse programa ficou para a história da televisão: chamava-se “sr. Feliz e sr. Contente”. O senhor Contente era Nicolau Breyner, o ator já consagradíssimo que dava o nome ao programa. O senhor Feliz era um jovem muito jovem chamado Herman José. O “senhor Feliz e o senhor Contente” foram um sucesso na época – toda a gente que já tinha idade para ver televisão em 1975 lembra-se da rábula inesquecível.
Nicolau Breyner estava a filmar uma nova novela da TVI, de nome "Impostora", desde outubro. Tinha viagem marcada amanhã, terça-feira, para o Brasil.
Fernanda Serrano: "Não acredito que ele já não está aqui, à distância de um telefonema"
A atriz Fernanda Serrano estava atualmente a gravar com o ator nesta nova novela e soube da notícia depois de um dia de gravações. Em lágrimas, disse ao SOL que se sente "completamente anestesiada".
"Não acredito que ele já não está aqui, à distância de um telefonema. Era um homem especial, sempre a fazer tropelias e disparates só para deixar os outros felizes", afirmou ainda a atriz.
João Soares lamenta morte de um "homem bom"
João Soares já reagiu à morte do ator Nicolau Breyner. Numa nota enviada às redações, o ministro da Cultura manifesta o seu pesar pela morte de um "homem bom".
Soares frisa que Breyner "enquanto actor, realizador e produtor, pautou a sua carreira pelo profissionalismo e pela entrega à Cultura e à língua portuguesas".
"Ao tomar conhecimento da morte de Nicolau Breyner, o Ministro da Cultura, João Soares, apresenta os seus mais sinceros votos de sentidos pêsames à sua família e a todos aqueles que com ele privaram ao longo de uma carreira", lê-se na nota emitida pelo seu gabinete.
Virgílio Castelo: “Se não tivesse sido o Nico, não teria nunca tido o percurso que tive”
"Foi um homem determinante na minha vida, no sentido em que me escolheu como seu sucessor na NBP”, afirmou o ator Virgílio Castelo. "Se não tivesse sido o Nico, não teria nunca tido o percurso que tive. Eu sou um homem mais triste e compenetrado e ele serviu sempre para me descomplicar", acrescentou.
Rui Mendes: “Penso que não tinha um único inimigo"
O ator Rui Mendes afirmou que "desapareceu um dos melhores atores de todos os tempos que este país já viu”. O ator afirmou ainda que para além de “um enorme ator”, Nicolau Breyner era ainda “um ser humano extraordinário”. “Um irmão, para mim. Penso que não tinha um único inimigo", acrescentou.
Nicolau Breyner: 'Gosto do cinema que me faz mexer na cadeira'