Os dois torneios foram organizados pela Associação Europeia de Golfe (EGA), em colaboração com a Federação Portuguesa de Golfe (FPG) e o Vidago Palace Hotel & Golf. As próximas edições, a 10ª do torneio masculino e a 2ª do feminino, estão marcadas para o Catar em março de 2018.
Ásia/Pacífico ainda teve uma janela de esperança no Bonallack Trophy
Depois de se terem concluído esta manhã os duelos de fourball em atraso, a Europa ficou a comandar o torneio masculino por 13,5-6,5 e percebeu-se logo que só um cataclismo poderia fazer com que a Ásia/Pacífico obtivesse a sua 3ª vitória em 9 edições da prova que tem o nome do antigo pentacampeão do British Amateur.
Houve apenas um momento de alguma esperança para o capitão Matt Cuttler, a meio da manhã, quando os australianos Brett Coletta e Zach Murray e o japonês Takumi Kanava deram três pontos seguidos à sua equipa. Durante o início da tarde, a Ásia/Pacífico esteva a comandar a maioria dos confrontos, mas os europeus terminaram fortes, vencendo sete dos últimos oito duelos.
O ponto da vitória da Europa foi averbado pelo sueco Robin Petterson, que precisou de vencer o último buraco para superar por 1 up o sul-coreano Yun Sung Ho. Nessa altura, a formação do capitão Alexis Godillot ficou com 16,5 pontos e já não podia ser matematicamente ultrapassada.
Mesmo assim, como o regulamento força a que todos os matches sejam concluídos, foi notável a concentração dos europeus, que fizeram questão de continuar a somar ponto atrás de ponto, com destaque para o irlandês Jack Hume (recente campeão da Copa Sotogrande em Espanha), o melhor jogador do torneio no ranking mundial amador (13º), que bateu por 6/5 o japonês Toshiki Ishitoku.
Europeias chegaram a liderar por duas vezes o Hankins Trophy
Bem contrastante foi o que se assistiu nos singulares do Patsy Hankins Trophy. Depois de se recuperar o programa em atraso, num dia chuvoso que não prejudicou a qualidade do golfe, a Europa continuou a sua lenta recuperação.
No final da primeira ronda a Ásia/Pacífico liderava por 7-3, mas hoje de manhã, ao concluir-se a segunda ronda, a vantagem já só era de 10,5-9,5. Tudo poderia acontecer nos singulares.
A estratégia da capitã Elaine Ratcliffe deu resultado e a Europa ganhou os dois primeiros embates, com a sueca Frida Kinhult e a inglesa Meghan Mclaren a derrotarem as sempre complicadas coreanas Choi He-jin e Park Hyunkyung, respetivamente por 1 up e 3/1.
A Europa estava pela primeira vez em três dias na frente da competição por 11,5-10,5 e voltaria a comandar mais tarde por 13,5-11,5, mas os seis embates que ainda estavam em campo tinham vantagem para a Ásia/Pacífico e o dia terminou com a equipa da capitã Libby Steele a carimbar 4 vitórias e dois empates nesses derradeiros momentos.
O meio ponto da vitória da Ásia/Pacífico foi dado pela jogadora de Hong Kong, Tiffany Chan, ao empatar com a dinamarquesa Puk Thomsen, provavelmente a melhor surpresa da equipa europeia esta semana.
Portugal e Vidago ficam para sempre na história dos “matches” em ano olímpico
Ao contrário do que sucede noutras modalidades desportivas, no golfe é raro haver competições em que seja possível coexistirem torneios feminino e masculino.
É significativo que tal raridade tenha acontecido nos últimos três dias, num ano de Jogos Olímpicos, a outra única ocasião em que tal irá suceder em 2016.
Igualmente marcante é o facto do fenómeno histórico ter-se realizado em Portugal, depois de os atentados terroristas na Turquia terem desviado este aliciante confronto entre as seleções amadoras da Europa e da Ásia/Pacífico para Vidago.
Um acontecimento inesperado que acaba por justificar-se porque, tal como salientou o secretário-geral da Associação Europeia de Golfe (EGA), Richard Heath, na cerimónia de entrega de prémios de hoje, “Manuel Agrellos foi o fundador do Michael Bonallack Trophy, foi uma ideia sua (quando era presidente da EGA), concretizada juntamente com Colin Phillips”, então presidente da Confederação de Golfe da Ásia/Pacífico (APGC).
No seu discurso oficial, enquanto presidente da Federação Portuguesa de Golfe (FPG), Manuel Agrellos teve ocasião de agradecer a presença em Vidago do próprio Michael Bonallack e da sua mulher, Angela, bem como de membros da família da falecida Patsy Hankins. “Ela teria ficado orgulhosa”, disse Manuel Agrellos, num momento sentido.
Uma cerimónia final que contou ainda com as presenças do presidente da Câmara Municipal de Chaves, António Cabeleira; o presidente da APGC, David Cherry; , o ex-presidente da EGA, Colin Wood; o presidente da Comissão Organizadora, David Bird; e o diretor do Vidago Palace Golf Course, Alexandre Barroso.
Em declarações à FPG-TV, os capitães e selecionadores fizeram os seguintes balanços da última jornada:
A neo-zelandesa Libby Steele (formação feminina da Ásia/Pacífico):
“Esta vitória é muito especial para mim, porque a Patsy era uma amiga minha. Foi uma semana especial e as raparigas aguentaram-se bem, porque não foi nada fácil. Foi muito renhido e estávamos basicamente por baixo aos nove buracos. Foi como se fosse uma montanha russa, porque depois voltámos a subir para acabar em força. Para nós, foi mesmo uma vitória da equipa, porque houve um desafio de criar um espírito de grupo com cinco idiomas diferentes. Nas nossas reuniões tínhamos três tradutores e havia cinco jogadoras que simplesmente não falam inglês. Vê-las serem capazes de ultrapassar estes obstáculos foi muito satisfatório”.
A inglesa Elaine Ratcliffe (formação feminina da Europa):
“Hoje começámos muito fortes e ficámos com boas perspetivas, mas a Ásia/Pacífico tem uma boa equipa e as suas jogadoras lutaram muito para, infelizmente, conseguirem, no final, os pontos de que necessitavam. As minhas jogadoras mostraram bom golfe, lutarem muito e estiveram muito perto, até porque houve alguns duelos que chegaram ao buraco 18 e que terminaram contra nós”.
O australiano Matt Cutler (equipa masculina da Ásia/Pacífico):
“Enviámos alguns dos nossos melhores jogadores de match play bem cedo para tentarmos obter logo algumas vitórias e eles fizeram um excelente trabalho. Chegámos a ficar muito entusiasmados. Os dois australianos deram bem conta do recado e o Takumi estava simplesmente a voar com o resultado. Ao longo de toda a semana perdemos uns seis ou sete duelos no buraco 18. As coisas poderiam ter sido bem diferentes se alguns desses tivessem caído para o nosso lado. Mas aprendemos com essas situações, os nossos jogadores terão de habituar-se mais a estarem nessa situação e é por isso que jogamos estes eventos para que possam ganhar experiência para o seu futuro”.
O francês Alexis Godillot (equipa masculina da Europa):
“Os singulares levaram muito tempo a revelarem-se, mas é preciso dizer que ganhámos com uma margem confortável e o objetivo desta operação era ganhar. Para mim, a principal satisfação vem do facto de termos ganho todas as séries de foursomes, fourball e de singulares”.