E os protestos na rua – só na avenida Paulista em São Paulo estiveram 500 mil pessoas – fazem relembrar o que aconteceu no Mundial de 2014. Contudo, existem diferenças. Em junho de 2013 a contestação ligou-se ao aumento dos preços dos transportes e aos elevados gastos na organização do evento, onde a frase «não vai ter Copa», se tornou viral em várias cidades do país. Só que dois anos depois, os brasileiros estão, por enquanto, descontentes com os seus políticos e não tanto com o impacto negativo de um evento desportivo.
É por isso que os comités olímpicos ainda não estão preocupados. «A situação no Brasil é obviamente lamentável, mas não é algo que preocupará a família olímpica enquanto os Jogos Olímpicos não forem o foco dos protestos», garantiu à Globo Jon Tibbs, diretor da empresa de consultoria JTA, que trabalha com federações e comités de vários países. O Presidente do Comité Olímpico Português (COP), José Manuel Constantino, segue a mesma linha, acreditando que a comitiva portuguesa vai representar as cores nacionais. Quanto às manifestações, são «uma expressão de liberdade num país onde os direitos de manifestação de opinião são respeitados», disse ao SOL.
Mesmo com a saída do ministro do Desporto George Hilton e a instabilidade do seu gabinete, o Comité Olímpico Internacional (COI), que tem «acompanhado atentamente os eventos políticos», a confiança no sucesso dos Jogos está intacta. «Estamos confiantes que o Brasil vai oferecer ao mundo excelentes Jogos Olímpicos de que o país se poderá orgulhar», disse o COI em comunicado. Ilusão ou realismo? Por enquanto não se sabe. A única garantia é que o clima de tensão ainda não chegou aos Jogos. Mas se o foco da polícia federal passar a ser na investigação das principais construtoras ligadas à construção do Parque Olímpico e à reforma do estádio Maracanã, tudo pode mudar de figura.