Mas Portas transporta consigo o pecado original do início da sua carreira político-partidária: enganou-se no partido que escolheu. E sabe-se que apenas têm alcançado a Presidência figuras de primeiro plano político, que antes foram líderes ou primeiros-ministros do PS ou do PSD. Portas no PSD poderia ter chegado a primeiro-ministro e, eventualmente, a Belém. No CDS tal é quase impossível, só um extraordinário e improvável alinhamento astral lhe permitiria ultrapassar as limitadas fronteiras do partido do Largo do Caldas (como, numa conjuntura irrepetível, aconteceu a Freitas do Amaral em 1986).
Acresce que Portas dificilmente terá hipóteses na área do centro-direita, dada a potencial concorrência que é possível antever para daqui a dez anos. Desde Passos Coelho, então com 61 anos, ao mediático Marques Mendes, com 68, ou mesmo ao redimido Durão Barroso, com 69. E na área do centro-esquerda é provável o avanço de António Costa, na altura com 64 anos, ou até de um ressuscitado António José Seguro, com os mesmos 64. Sobrará pouco ou nenhum espaço para Portas.
E há um fator que pode também deitar por terra quaisquer chances de uma candidatura de Portas. Se, como parece, vai dedicar a sua vida profissional aos negócios multinacionais, como facilitador de contactos a alto nível, como mediador de influências, como intermediário de interesses e capitais – tornando-se um émulo de Miguel Relvas ou Jorge Coelho, neste caso saído do CDS – então não há futuro político que resista a tal tipo de atividades. Portas que se cuide.